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sábado, 27 de novembro de 2010

DESSES SILÊNCIOS


E hoje o silêncio que te cala vem de mim.



"Nenhuma palavra dói mais do que a ausência de palavras. Você não é tolo e sabe muito bem disso. Você me impunha um silêncio devastador. Sumia, não dava notícias, fazia de propósito, queria me ver chegar perto da morte, paralisada, sem forças. Eu esperava o telefone tocar, ele não tocava. (...) Esperava o apito do meu computador avisando a chegada de um novo e-mail, ele não apitava. Esperava uma carta, um sinal de fumaça, uma mensagem no celular, esperava que você aparecesse e trouxesse consigo alguma palavra. Esperava e esperava e esperava. E você não vinha. Você me deixava a sós com esse silêncio que dói mais do que um grito arranhado, do que um corte profundo na carne, que dói mais do que a palavra dor".

(A chave da casa - Tatiana Salem Levy)

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

PERDENDO O RUMO



Todas as suas veias faziam teu sangue seguir um percurso certo. Vez em quando alguns fluidos fugiam seu caminho. Outros até paravam. Alguns mais lentos. Outros velozes. Faziam teu corpo pulsar de uma forma particular. Até o dia que o encontrou. Era como se tudo perdesse o rumo e andasse ao contrário. Teu sangue perdeu-se de tuas veias. Tua respiração mudou o pulso. A vida passou a andar vagarosamente depressa demais.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

ENQUANTO NÃO ME OCUPO DE MIM


Me perco então é na vontade. E não peço licença, nem perdão do que me invade. Atravesso todo buraco do outro pra não me ocupar dos próprios buracos meus. Enquanto isso deixo vazar tudo aquilo que não se contém em mim, em formas erradas, ou tão certas que causam estranhamento com todo o resto do que tento sustentar.