
Sinto falta de simplicidade. De um olhar terno que me olhe e me veja apenas o que sou. Sem antes ou depois. Apenas o agora basta. As expectativas frustram.
-=Þëqµëñä Þö놡zä=-





Parada. Estou parada. E o que mais me incomoda nesse estado é que eu poderia continuar ou descer e fazer outro caminho. Mas não. Eu estou parada e simplismente só. Parada não no sentido de reflexão. Parada no sentido de nada a se fazer. Sem movimento. Sem ação. Nem masturbação mental tenho praticado ultimamente. Besteira total essa coisa. Eu preciso de incomodação, de inquietação, de amolação, de encheção de saco. Preciso de tudo aquilo que me tire dos eixos. Porque anda tudo parado e não é pra balanço é pra acomodação mesmo. Tá tudo tão bem acomodado que num levanta uma palha pra se mover. E desde quando o mundo é perfeito que assistir novela num comove mais? Pois é até isso veio a calhar. Anda tudo num estado de dormência, mas nem o furmigamento eu tenho sentido. Nada. Nada. Nada. Nem barulho de grilo. Nem canto de cigarra. Está tudo morto.



Vejo você escorrer entre meus dedos e sinto que estou te perdendo. Me vejo fraca e sem forças pra lutar. Na verdade nem sei se quero essa tal luta. Comprar briga por algo que já nem sei se quero mais pra mim. Talvez por isso deixei nosso amor dissolver. De sólido ficou líquido. Agora está a ponto de evaporar. Tenho medo do nada. Tenho medo de depois do tudo que vivemos reste só o vazio do não ter. Do não se querer. Do não lembrar porque um dia estivemos juntos. Nos reste apenas as não lembranças de fatos que vivemos. Do que um dia prometemos ser pra sempre. Do que hoje talvez não nos reste nem passado na lembrança.

Tenho me escorrido por entre rachaduras do chão. Me deixado penetrar no centro de tudo. Ido bem fundo além do que qualquer um foi. Só pra sentir o calor... o fervor... do perigo. Só porque ninguém foi e ninguém viu. Só porque o novo me excita, me instiga, me impulsiona. Me faz viver.
Eu já perdi as contas de quantas bocas me perdi procurando a sua. Procurando teu gosto. Teu beijo. Você disse que tudo ficaria bem que cada um seguiria seu caminho. Mas eu nunca fiquei bem e será que você sabe disso? Você seguiu em frente me deixando pra trás e eu ainda estou aqui no mesmo local que você me deixou. Não que esteja a sua espera, mas é que não consegui me mover. Desde aquele dia minhas pernas ficaram paralisadas, enquanto que você parece que ganhou mais força para continuar. Eu queria saber o que sente quando ouve falar meu nome. Queria saber o que pensa ao meu respeito. Talvez se vanglorie de fatos e acontecimentos e sinta-se mais viril ao saber que ainda estou só. Arre! O que há com meu relógio do tempo? Há anos está quebrado e nada do que eu faça parece concertá-lo. Desde que parou marca a mesma hora e é como se meus dias fossem todos iguais. Ando a repetir gestos e sentimentos e não aprendo mais nada. Mundo insano que criei pra mim. Repetem-se os dias, as horas, os meses, os anos. E tudo é sempre tão igual.