Sentados lado a lado num banco de uma praça qualquer você me perguntou:
- Por que sumir assim? O que aconteceu?
- Tá tudo estranho você não acha?
- Como assim?
- Sei lá. O céu tá mais azul. O sol nasce sorrindo todos os dias. Os pássaros cantam na minha janela.
- É... (com um riso no rosto)
- Eu não tô acostumada com dias assim.
- Mas, não entendo, foi por isso que você sumiu?
- Quase.
- Quase o que?
- É difícil dizer.
- Se não disser nunca vai se tornar fácil.
- É que... eu tenho medo
- Medo de quê?
- Medo de me acostumar com esses dias. E se algo der errado e os dias voltarem a ser escuros e sem barulho nenhum?
"Medo de se apaixonar Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente.[...]"
(Fabrício Carpinejar)
2 comentários:
Sublime! Diálogo muito bem colocado e um desfecho magnífico. Gostei muito daqui, seguirei!
Se quiser deixar sua crítica no meu blog, ficaria fatalmente honrado.
Uau Gigi!
Sem palavras pra comentar!
Maravilhoso!!!
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