Páginas

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

DO MEU TEMPO


“(...) era o meu jeito de fingir que estava me tratando, talvez, quando estava apenas me atordoando.” (Caio Fernando Abreu)



Nem sei se é mais fácil viver nesse obscuro de mim. Nem se é menos doloroso. Me resguardando em desculpas de pensar em mim e o que tenho mais feito é ficar alheia. Vendo as horas passar. Sento em frente ao relógio de ponteiros da minha sala de estar. Como em transe, atordoada, ou quase imune, talvez, fico a ver os ponteiros a passar. Me fixo no das horas, porque demoram mais a se mexer. Talvez seja a identificação da força do meu movimento. Me movo com a força do ponteiro das horas. Só que trazendo pras proporções da vida, é como se meu movimento fosse ser inerte. Como se todo o resto passasse, fosse, e eu ali a pequenos passos. Fico no lugar das passagens. Recebo bem os milésimos, centésimos, segundos, minutos.... me preencho bem deles até estourar em outra hora e repetir tudo de novo. É só uma questão de tempo.

2 comentários:

Darlan disse...

Talvez seja o tempo, talvez seja só questão de respeita o ritmo, o hiato, as horas que precisam ser assim. Ainda que pese, ainda que dure mais tempo que o previsto, trata-se de uma inércia necessária. Como o casulo é necessário para nascer uma borboleta. Que passe, que você saiba fluir entre os ponteiros. Beijos!

Zaraminko disse...

Que texto foda, Gigi! Engraçado que tmb usei essa foto em um poema no meu blog! Seria o insconsciente coletivo operando?! rs
Dá uma olhada:http://odesdezaraminko.blogspot.com/
bjoca