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terça-feira, 29 de junho de 2010

PARTES MINHAS


Não era pra mim brincadeira. Mas confesso que me diverti.
Sei lá, aquela parte minha que gosta de sofrer gozou muito.
Até ia de novo. Faria tudo de novo.
Mas tem uma outra parte minha que odeia ser feita de trouxa
Essa não me permite reviver isso
Ela acha que eu preciso de mais. Que eu posso mais.
Eu gosto de acreditar que gosto dela.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

DE QUANDO QUERO RESPOSTAS

Saber não trará as respostas que quero.
Então o que trará?
Eu preciso fazer alguma coisa. Lutar por alguma coisa sem buscar necessariamente a resposta.
As causas não me farão chegar no fim do jogo.
Não é voltar, mas continuar o caminho.
Se os atalhos só tem me trazido de volta, talvez chegou a hora de eu passar pela trilha completa.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

sexta-feira, 11 de junho de 2010

TALVEZ...


Talvez seja eu mais uma vez evitando tomar decisões. Talvez seja essa minha forma de sempre dizer talvez. De terminar as coisas com interrogações. Talvez eu goste mesmo das reticências. Dessas possibilidades. De não fechar. Não desmoronar caminhos. Não, eu deixo tudo por estar. Talvez seja esse meu jeito só de continuar a seguir. Eu não sei. E do que sei ainda me é pouco e quase nada para afirmar algo. Então pode ser que seja. Pode. E finco o mastro do poder sempre em direção a um futuro que nunca chega. Talvez eu não queira então. Talvez o meu querer não seja o bastante. É, eu não sei. Ao menos assumo. E não se incomode se tomar decisões que se dissolverão no tempo seguinte. É meu jeito de dizer não saber e querer ter razão na desrazão da falta. Então caberá o que a nós? Talvez dúvidas, perguntas, incertezas... Talvez seja você quem me ajude a construir respostas. Talvez você seja a certeza que me falta. Talvez.






"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos – e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso."

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

DAS BORBOLETAS NA BARRIGA


Moço ela não sabia o que era se apaixonar não, viu?! Pois é a gente tem aquela primeira vez com borboleta na barriga e acha que a segunda vez a gente vai estar crack já. Sabendo de tudo. A moça num sabia não, viu?! Ela até tinha se apaixonado umas duas vezes já, mas é que é sempre diferente. As borboletas mudam. E elas começam num ponto diferente da barriga. Ás vezes nem só na barriga ficam. Não dá pra saber não moço. Eu sei que o senhor também num sabia. É coisa que não se sabe mesmo. As borboletas ficam ali procurando uma brechinha para adentrar. A liberdade delas é procurar abrigo na barriga dos apaixonados. Dizem que amor liberta moço. É o que ouvi falar. E as danadas das borboletas fogem do vento forte do ar livre pra se aprisionarem na barriga de apaixonados. É essas coisas do amor que ninguém entende até ficar com aquele sorriso abobado na face. Os olhos brilham. Igual o seu assim moço. Moço? Que houve moço? Parece que tá vendo uma buniteza das grandes. Ahhhh é a moça... O senhor também tá com as borboletas na barriga, né moço?!

domingo, 6 de junho de 2010

DA MINHA MIRA





Impressionante como tenho atirado flechas em miras erradas.
Minto. Não é que erre a mira.
A mira é sempre precisa.
Erro o alvo.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Versos Fragmentados


"Eu sou sim a pessoa que some, que surta, que vai embora, que aparece do nada, que fica porque quer, que odeia a falta de oxigênio das obrigações, que encurta uma conversa besta, que estende um bom drama, que diz o que ninguém espera e salva uma noite, que estraga uma semana só pelo prazer de ser má e tirar as correntes da cobrança do meu peito. Que acha todo mundo meio feio, meio bobo, meio burro, meio perdido, meio sem alma, meio de plástico, meia bomba. E espera impaciente ser salva por uma metade meio interessante que me tire finalmente essa sensação de perna manca quando ando sozinha por aí, maldizendo a tudo e a todos. Eu só queria ser legal, ser boa, ser leve. Mas dá realmente pra ser assim?"


Tati Bernardi

quinta-feira, 3 de junho de 2010

DE ALGUMA ESTAÇÃO

Não foi verão
Não foi inverno
Não foi primavera
Nem outono foi
Talvez outra estação sem nome
Eu saltei.
Parei nesse lugar sem nome
Nesse estado sem nome
To sentindo
E não sinto nada
E de alguma forma aqui é melhor do que onde estava.
Não quero ver ninguém
Não quero falar com ninguém
Como se compartilhar o que sinto fosse tornar isso mais incompreensível do que já é.
Então me deixe só por aqui
Tratarei eu mesma de mapear minhas coordenadas.

terça-feira, 1 de junho de 2010

MAIO

"Maio
Já está no final
É hora de se mover
Prá viver mil vezes mais
Esqueça os meses
Esqueça os seus finais
Esqueça os finais"
(Kid Abelha)




Maio carrega no meio o grito de choro contido
Ai maio...
Tu não é nem meio, nem começo e nem fim.
Trouxe consigo a própria revolução das marés de março
Maio se foi e deixou só o estrago
E agora é tanta coisa pra catar e botar no lugar
Algumas a água levou, lavou, livrou
Secou
Ficou o pó
Como vestígio
Passo uma flanela já gasta nos móveis
Digo saber o que faço
Mas a verdade é que nada sei
Tô reorganizando a casa
Preparando pra me reabitar
Lustro os móveis com a precisão de quem procura o caminho sem saber o caminho.







"E recomeçar é doloroso. Faz-se necessário investigar novas verdades, adequar novos valores e conceitos. Não cabe reconstruir duas vezes a mesma vida numa só existência. É por isso que me esquivo e deslizo por entre as chamas do pequeno fogo, porque elas queimam - e queimar também destrói."
(Caio Fernando Abreu)