Páginas

domingo, 31 de maio de 2009

DAS MINHAS REVOLUÇÕES INTERNAS

Protestos em todas as esquinas de sua alma. Em cada respirar seu, há o pedido de seguir em frente. Uma revolução é programada pra que de fato tudo se revire e seja mudado. E eis que uma única atitude consegue mais uma vez boicotar seus possíveis resultados de mudança. A democracia de sentimentos não funciona com ela. Gosta mesmo da anarquia dos desejos.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

quinta-feira, 28 de maio de 2009

DO QUE AINDA NÃO SEI [5]


Das coisas que venho me dando conta, não vem junto nenhum sentimento de surpresa. Pelo contrário vem aquele sentimento de obviedade e um “é claro que ia dar nisso”. E parece que no fundo de alguma forma eu busquei esse caminho exato. E tudo que falo e lembro são coisas que estavam em mim ha tanto tempo e por sempre ter guardado e me calado ficavam aqui num processo de latência tentando extravasar de outras formas. Pois é agora tenho a oportunidade de trazer pra fala e mesmo assim me mostro resistente. Eu não sei se quero falar e dar vida aos meus fantasmas. E num é bem da ordem do querer... eu quero só não sei se estou preparada para ouvir essas constatações de minha própria boca. E me responsabilizar. Colocar tudo por minha conta e risco. Mas me parecem caminhos sem volta, uma vez tomados é melhor seguir adiante. Dos túmulos os mortos se levantaram, ressuscitaram e estão aqui pairando sobre a terra a me incomodar. Querem que eu ouça suas histórias. Eles precisam apenas serem ouvidos. Precisam deixar registros seus aqui na terra para que assim sua missão seja cumprida e possam enfim descansar em paz. E enquanto eu não tiver a coragem de olhar no rosto de cada um, reconhecê-los como parte de mim e entender suas histórias eles não irão embora e não me deixarão em paz. Eu preciso dar vida a esses fantasmas em mim para que eles possam enfim ser enterrados sem mágoas ressentidas. Eu preciso disso pra que enfim eu possa seguir.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

terça-feira, 26 de maio de 2009

SEUS VESTÍGIOS EM MIM

Eu falo de você
Eu penso em você
Eu respiro você
E mesmo assim insisto em mentir pra mim dizendo que você é página virada na minha vida.
Parece que fiz cópias de sua história como garantia de não te perder.
Cada novo encontro é uma cópia sua que encontro e faço questão de queimar.
Eu preciso eliminar de vez os vestígios de você que ainda estão impregnados em mim.


-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

segunda-feira, 25 de maio de 2009

DE QUANDO ME CALO [2]

Foto: Gaëna da Sylva

Há tempos percebo que há coisas em mim que precisam ganhar formas. Permaneço muda diante desses fatos. Tenho consciência do quanto me é importante delimitar o caos e salvar alguma parte daquilo que em mim ainda se organiza. E nessa desorganização não sei que parte da minha consciência me escapole e me impede de falar. Até a tentativa de escrever sobre me é resistente, pois na escrita esse fato se mostra ainda mais difícil. Na fala uso palavras e podem parecer desconexas, agora na escrita tem que haver algum tipo de encaixe e concordância. Talvez algum dia escreva na linearidade de meu pensamento e colocando no papel tente decifrar meus códigos. Aqueles que fiz pra me esconder de mim. A vantagem da escrita é que não precisa de alguém para isso, já na fala você precisa de alguém disposto a ouvir. A não ser que queira praticar sua insanidade. Pois então eu tenho quem me escute e no entanto ainda procuro entender o que me impede de falar. O medo talvez das palavras que use serem ridículas a ponto de diminuírem a intensidade das coisas que se passam em mim. E talvez o uso da fala seja importante pra isso, para perceber o quão de fato, talvez, as coisas sejam ridículas e como eu tomo tanta importância a respeito delas. Mais ainda tenho medo do quanto as coisas que eu sinto podem se tornar reais. O ato da palavra posta pra fora tira tudo o que penso do campo do imaginário e por mais que ali haja dor, o peso que o real pode trazer com ele me faz pensar se estou preparada. Penso e sinto a respeito disso. E eu quero falar de verdade, eu só não sei o começo de tudo. E refazer o meu começo ainda me é difícil.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

domingo, 24 de maio de 2009

SOBRE CAMINHOS

Me vejo escorrer por entre meus próprios dedos. Não sei como me desfaço nem por onde vou. Os caminhos que percorri, hoje já não existem. Não no plano do real. Mas em mim está. Permanece. Acontece. É. E não sei como faço para achá-los. Mas estão aqui, em algum lugar. E encontrar eles é justamente saber por onde eu não quero mais seguir.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

sábado, 23 de maio de 2009

Afetos Fragmentados


"Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar.
Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar.
Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência."

[Martha Medeiros]

quinta-feira, 21 de maio de 2009

DE QUANDO ME CALO

Atônita e sem movimento não pude respirar, nem sequer esboçar algum tipo de reação para que pudessem me nomear de louca, desvairada, atormentada a ponto de ser internada. Mas por dentro minhas entranhas me sufocavam, ouviam-se gritos de desespero, meu sangue corria mais rápido, o pulsar do meu coração atormentava minha cabeça e, no entanto, o suor frio deixava meu corpo gelado, duro, petrificado. Minha respiração ofegante era um grito calado de socorro: “me tirem daqui”. Eu não queria ver, mas vi cada movimento, ato, aproximação. E deixava toda a percepção do momento me adentrar, invadir sem pedir licença e cortar meus olhos a ponto de me imaginar chorando lágrimas de sangue invisíveis e ninguém ali tinha noção do meu sofrimento tão particular. Meu choro reprimido entalava na garganta produzindo um início de ânsia de vômito, que deixei guardado pra cuspir um dia em você. E da raiva reprimida um pouco também me cabe por me permitir ainda sentir certos sentimentos. Sentimentos esses que nem sei ao certo nomear em palavras. É tudo sensação que não cabe em categorias. Cabem só no presente e depois passa. Sempre passa...

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

terça-feira, 19 de maio de 2009

VERSIFICAÇÃO


Estou a procura do verso perfeito
No verso do que fui
Uma nova versão de mim
Deixar verter
Deixar versar
Deixar versificar


-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

domingo, 17 de maio de 2009

QUERO-QUERO

Eis a era do quero-quero
Eis a era do meu querer
Quero a todo o momento querendo mais
Quero já desquerendo o querido
Quero e no querer não sei se deveras quero ou se é só um capricho de querer
Quero mesmo quando digo que não quero
E posso até não querer quando digo que quero
É tudo um jogo do querer
Meu querer que ora bem me quer, ora mal me quer
Quero no amor
Quero na dor
Quero só por querer
Quero só pelo prazer de se querer

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

sábado, 16 de maio de 2009

POLIGLOTA



Quando te conheci achei tua língua tão distante da minha. Procurei me aproximar de todas as línguas pra achar um denominador comum entre nós e assim quem sabe nos comunicarmos. Aprendi inglês, alemão, japonês, grego, persa e até aramaico. E mesmo com tantas línguas, nenhuma era a sua. Eu ainda não consegui encontrar tua língua.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

BRINCAR COM ALFINETES




Tenho gostado de brincar com alfinetes.
Alfinetadas para todos os lados e a única que sai machucada com isso sou eu.
Tenho uma espécie de gozo com a dor.


-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

quinta-feira, 14 de maio de 2009

DO QUE AINDA NÃO SEI [4]

Hoje descobri uma pequena parte daquilo que eu sabia que não sabia. Mesmo pequena não deixa de ser menos importante. Pelo contrário. Diante de tudo que não sei, esse saber é uma luz que bate direto em meu olhar e me clareia e mesmo com toda intensidade que ela se deposita em mim tento fazer com que minha visão não fique turva a ponto de nada ver. Permaneço com o olhar fixo. Mas sinto-me estranha. Aumentou mais aquele sentimento de não pertencimento. Eu não me pertenço. Não me reconheço. Vejo que tudo o que fui, foi ser alguém buscando não ser um outro alguém. Eu não sei se eu realmente não queria ser esse outro. Mas procurei me diferenciar. Me reafirmar na diferença. Precisei do oposto. Do contraste. Do choque. E sempre que esse contraste me era colocado eu me reafirmava nele. Há até uma espécie de gozo nessa comparação talvez. E me sinto estranha ao falar sobre. Me sinto confusa e quase chego a não aceitar em admitir, mas é algo dito e inegável que tenho prazer na diferença imposta pela comparação. É nesse momento que me reafirmo como tal. Como eu. Como aquela que é. Mesmo que nessa diferença tenha errado a medida, desvirtuado caminhos, e perdido a rota certa a seguir. Meu incômodo definitivamente não é na diferença, porque é justamente ela que quero reafirmar, contudo não sei buscar a diferença além daquela que me transformei. E pensar em outra possibilidade agora me confunde. Porque mesmo no diferente, algumas coisas fui tentando ser semelhante, mas errei a medida mais uma vez e não sei até onde me cabia. Mais uma vez percebo que eu não dei conta das medidas. Sempre caminhos que foram muito ou não o bastante. Eu não sei a medida de mim. E se falei que não saber o que não se sabe dói mais do que não saber. Hoje digo que saber o que não se sabia é alívio e carrega consigo um certo prazer. Mas o próprio saber carrega também uma angústia no momento em que se dá conta de mesmo com esse “sabido” ainda há coisas que não se sabem por completo. Eu não sei o que fazer com esse “sabido”. E isso definitivamente é algo que hoje me dói mais do que não saber o que não sei.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

quarta-feira, 13 de maio de 2009

DESAPEGO


Já vi que é inútil abalar você com a minha ausência e desdém. Essa minha necessidade de ser necessária a alguém está me dando nos nervos. E perceber que realmente eu não te faço falta me faz pensar até que ponto você faz falta a mim. Se não foi ilusão toda a relação que criei de nós dois. E dos vazios que hoje temos entre nós não tenho certeza do que realmente quero que os preencha. Talvez o melhor caminho seja cada um pegar a sua estrada, que podem um dia se esbarrar. Só o tempo irá dizer. Mas sinceramente não viverei vendo cada milésimo de segundo passar.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

segunda-feira, 11 de maio de 2009

DO ADIAMENTO


Eu deixo tudo pra depois
Tanto que chego a pensar que deixo até o viver pra depois.
Enquanto isso o que eu faço?
Não sei.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

domingo, 10 de maio de 2009

DENÚNCIA DO OLHAR









Até que instante meu desejo agüenta a segurança de se esconder?
Há momentos que nem que seja no olhar eu me denuncio.
Mesmo que seja na recusa, nas pupilas que se escondem do teu fitar.
Quando você passa eu perco o foco.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

sábado, 9 de maio de 2009

NÓS

Penso na lembrança vaga que tenho de você. De suas características e o que fez eu me apaixonar. Pouca coisa restou em mim sobre justificativas e porquês. Tenho mais a sensação que me causaste, claro que a intensidade do momento já não é o mesmo. Mas ainda sinto minha carne rasgada por dentro e a ardência das feridas ainda abertas que insistem em não cicatrizar. Mas sinceramente eu não sei o porquê delas ainda restarem em mim. Eu nem sei mais contar a história de nós dois. Se é que posso chamar de nós. Ou porque não? Atei nós com nós impossíveis de desatar. Mas estes estão presos só em mim. É que achei que em mim fosse o bastante pra segurar nós dois e veja só... o seu nó se soltou, enquanto os meus ainda estão aqui e sozinhos. E tenho sim esse nó na garganta do tipo de comida que se come até entupir e entala. Daquele choro reprimido que depois de tantas noites cansei de deixar rolar, preferi engolir. Tenho um nó também no peito juntando os pedaços despedaçados daquilo que restou do que um dia chamei de coração. E tenho tanto medo de que esse nó se desfaça que não deixo ninguém chegar perto o bastante. Eu poderia fazer desse nó corrente, mas não do tipo que aprisiona e sim do tipo que unifica. Mas ninguém quis juntar seus nós com os meus. Na verdade os que me ofereceram eu não quis. Ora achava que era muito. Ora achava que era pouco. É que eu nunca entendi de medidas.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

quinta-feira, 7 de maio de 2009

DO QUE AINDA NÃO SEI [3]

Levo as coisas muito bem do começo ao meio. Pois é, daí eu empaco, pulo, sorteio, passo a vez. Eu não quero ver o final de nada. Eu não consigo ver o fim de nada. Restos. Vestígios. Migalhas. Só vejo sobras para todos os lados. Pedacinhos de mim que se esfarelam e se perdem. Eu não sei achar o que me falta e quanto mais procuro mais perco coisas. Essas palavras “não sei” tem me incomodado enfaticamente. Como assim desconheço sobre mim? Como assim não sei o que me leva, motiva, impulsiona? Como assim não sei de mim? E do que faço... Do que quero... Do que não quero mais... O que eu não quero mais? Vivo as mesmas coisas como se tivesse uma obrigação de ainda vivê-las. Não sinto nada parte de algo que construí sem pressões e objetivos alheios. O que EU fiz de mim? Parece que deixei que mexessem na minha roupa lavada, usassem, abusassem e agora suja cheia de buracos eu as pego de volta. E o que é realmente meu nelas? Se é que um dia foram minhas já que nunca as usei de fato. O que eu vesti durante o tempo que pegaram minhas roupas emprestadas? O que eu fiz de mim? Ecos do “não sei” respondem por mim. Eu já não respondo nada. E quando foi mesmo que eu respondi?

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

terça-feira, 5 de maio de 2009

QUANDO NÃO GOSTO DE MIM

Eu não gosto de mim quando você me olha e caio no seu jogo de olhares e sorrisos bobos. Eu não gosto de mim quando te ignoro e no instante seguinte me rendo a teus pés. Eu não gosto de mim quando brinco com você levando à respostas suas com segundas intenções. Eu não gosto de mim quando você vai embora e me deixa um gosto amargo e seco das não palavras. Por isso tudo eu não gosto de mim, por gostar de você. E quando tenho raiva não é de você, mas de mim por ainda me prestar a certos papéis. Até quando continuarei com essa história de você estar me iludindo? Fui eu quem construiu meu próprio castelo e empurrei você para morar nele comigo.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

domingo, 3 de maio de 2009

DO QUE TENHO SENTIDO


Ando me sentindo meio Rutherfórdio*. Pois é, tem também essa coisa de náusea e certa ânsia de vômito. É que preciso cuspir verdades para todos os lados e vomitar, mesmo que brusco é direto e objetivo. Ao menos algo que seja verdade e real, provocado por mim. Choque. Preciso de conflito. Turbulência. Me sinto infeccionada. Com diversos tumores. E eu sei que passo o meu melhor, mas eu cheiro a enxofre. Estou podre por dento. Podre. Do tipo de carne estragada que se esqueceu no congelador há anos atrás. E esse estado Rutherfórdio. Inútil. Me sinto sei lá, uma espécie de não-eu. Uma espécie de fabricação de um ser alheio a mim. Se quer saber não sei o que é um eu, então difícil dizer sobre o não-eu. Mas não sinto que queira ser essa espécie de ser o qual venho me apresentando. E dentre tudo isso o que me assusta é que eu não sei o que eu quero fazer de mim. Vou fazendo, dizendo, explanando a respeito disso. Vendo até onde consigo chegar. Até onde consigo. Não tenho o controle. EU não tenho o controle.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-


*Elemento radioativo artificial, sem registros de utilização.

sábado, 2 de maio de 2009

DE QUANDO ME SINTO (AB)USADA


Ei! A sua vida não é um parque de diversão.
Então, pare de fazer de mim sua montanha russa.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

sexta-feira, 1 de maio de 2009

SOBRE LIXOS ALHEIOS

Foto: Rogério Felício

Você abre a boca e só sai merda, esgoto, bosta, cocô.
E hoje, eu estou sem saco para recolher seu lixo.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-