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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DA PAZ [2]

Falei da paz que desejo pra mim...
Hoje se vem apenas uma leve calmaria acompanhada de uma brisa suave já me basta.
Tempos bons estão escassos.


Pintura: Gustav Klimt


sábado, 22 de agosto de 2009

PRONTO FALEI...


Meu lado mulherzinha ta enchendo a porra do meu saco ultimamente.

P.S.: Obrigada ao blog "O que elas estão lendo?" pela proposta do blog super bacana. Fiquei muito feliz por ter ganhado o livro no sorteio. Moças e até moçoilos porque não?! Entrem no blog e usurfruam das dicas e até promoções. O blog é muito bacana.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DO LUGAR QUE OCUPO


Me coloco sempre nesse mesmo lugar
No meio
Entre nada e coisa nenhuma
Fico sempre ali impedindo o trânsito
Mesmo que seja de facas atravessadas
Permaneço no meio
E acredito estar impedindo de fato turbulências
Sou alçada fácil para aqueles que querem fugir de suas responsabilidades
As tomo pra mim com tanta rapidez
Que só me pesa
Me pesa
Um peso que vem não por me colocar no meio
Mas por ser local de depósitos
Depositam em mim os lixos que eu tento repassar reciclados
E as farpas e marcas só ficam em mim
Será?
Pois os olhares atravessadas e frases não ditas continuam ali
E eu no meio
Bem no meio.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SOBRE ESCULTURAS E ESSÊNCIAS HUMANAS

Ouvi uma vez uma frase de Michelangelo que dizia mais ou menos que a melhor maneira de julgar os elementos essenciais de uma escultura é jogá-la de um morro e as peças que não forem importantes vão se quebrar. Esse pensamento me ocorreu vagamente hoje e pensei que ao me atirar do alto talvez só restaria pó. Nada conseguiria se manter inteiro. É como se sentisse que a desintegração de mim hoje é mais fundamental do que a permanência desse corpo ambulante sem razão. Talvez do pó que sobrasse de mim em novos moldes formasse algo mais integro e verdadeiro do que sou. Mais fundamental ao que pode se chamar de ser e existência. Me falta então, coragem de saltar e conferir o que restará enfim. Porque nem sei ao certo o que quero dizer com tudo isso. Vem do que sinto. Mas os sentidos nem sempre conseguimos expressar integralmente com as palavras. Acho que talvez tenha a ver com isso. Quis tanto que me entendessem nos mínimos e de tanto simplificar perdi a essência da espontaneidade de me ser e errar. E não apenas errar, mas errar sem culpa, do tipo que pesa como se fosse a única pessoa do mundo que cometesse erros. Sendo que se trata de uma condição humana que vivo fugindo de cumprir, ou ao menos de mostrar que a cumpro. Então talvez acabe saltando no fim e convide uma enorme platéia pra anunciar as minhas falhas antes escondidas atrás de uma bela pintura.

domingo, 16 de agosto de 2009

SOBRE MEUS DIAS DE DOMINGO

A vida? O que espero dela? Com certeza mais do que venho fazendo de fato por mim. Minha vida tem sido uma espécie de amontoados de domingos sentada sozinha em frente a TV, assistindo filmes que me dão os suspiros que a minha vida não me dá. Tenho vivido através da vida de outras pessoas, onde no fim sempre o melhor acontece. Algumas vezes me decepciono pois queria mais emoção, mais amor, mais alegria, mais paixão. Entendi que o problema não é das histórias e sim das expectativas e responsabilidades que dou a elas. Como se elas tivessem a obrigação de suprir as faltas da minha vida. A verdade é que a história que quero pra mim não foi contada por ninguém e do jeito que ando a me mover nem em minha vida ela será.
Olhei pra mim bem de perto e vi alguém que tem tanto medo de ficar sozinha que se afasta das pessoas a quem consegue um mínimo de aproximação mais profunda. Talvez quem ache que me conheça leia isso e nem consiga me identificar nessas palavras, mas só eu sei do que falo e o quanto solitário é esse caminho. Semana passada decidi largar a análise, justamente por não conseguir me sentir a vontade o suficiente pra falar de verdade aquilo que realmente importa pra mim. Confiança. Ela me pediu confiança para que eu continuasse. Pois calada ou não a dor sempre está lá, se trata de que tipo de dor a gente quer para nossa vida. E tem sido um esforço grande continuar a ir duas vezes na semana, sentar no divã e me obrigar a pensar nas minhas feridas e desejos. Percebo que além de nunca ter confiado em ninguém o bastante, nem em mim mesma eu pude, pois até de mim escondi quem eu sou. Soube muito bem me esconder e agora parece tarde o bastante pra me encarar de frente e me ver tão humana e tão sem braços e com milhões de pernas. Com uns 5 talvez 6 ouvidos e sem nenhuma boca. E olhos? Ah, muitos e de várias cores e tamanhos. Então tento confiar meus membros e órgãos a alguém que espero que não os decepem, mas me ajude a tentar conviver com eles. E o que precisar ser arrancado fora eu mesma farei. Eu só preciso de tempo e não tenho certeza se será em curto prazo. Enquanto isso, vou me enchendo de dias de domingo, de uma calma necessária pra mim por hora.

sábado, 15 de agosto de 2009

QUANDO ME PROTEJO DEMAIS



Eu só queria amor
Amor e mais nada
(Caetano Veloso)






Cansada de fingir que não procuro o que quero.
Cansada de fingir que quero o que não procuro.
Cansada de fingir ser farsa o que é pura verdade em mim.
Então talvez eu me renda enfim.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Afetos Fragmentados



"São as pessoas que habitualmente me cercam, são as almas que, desconhecendo-me, todos os dias me conhecem com o convívio e a fala, que me põem na garganta do espírito o nó salivar do desgosto físico. É a sordidez monótona da sua vida, paralela à exterioridade da minha, é a sua consciência íntima de serem meus semelhantes, que me veste o traje de forçado, me dá a cela de penitenciário, me faz apócrifo e mendigo."

(Livro do Desassossego - Bernardo Soares)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

SOBRE CERTEZAS E INTERVENÇÕES DE BOTECO

Que certezas que preciso pra poder dar mais um passo? Será possível que eu realmente consiga me preencher de certezas sólidas? É porque não tenho certeza do que quero e ela me parece tão necessária para que eu possa seguir. Não sei o que quero e nem sei se posso dizer que sei o que não quero. A verdade é que não tenho certeza de nada. Ando com tanto medo de arriscar em perder me esquecendo que posso até ganhar. Talvez a perda maior seja permanecer no mesmo e não me mover. Mas é que ando sem paixões a me mover e só locomoção pelo fluxo faz eu ver as coisas tão sem sentido. Pois é, eu tô sem sentidos e nada me comove nem me move. Nada é suficientemente atraente que me faça pensar na possibilidade de caminhar até lá pra ver, pra ao menos saber. Isso é um tipo de coisa que me incomoda. Mas é incomodação preguiçosa, daquelas que se faz sentada numa mesa de bar banhada a cervejas e cigarros na companhia de colegas e filosofias sobre a vida e nossos fazeres. Reclamamos da hipocrisia do mundo, da banalidade de nossos fazeres e delimitando cada uma de nossas insatisfações. Mas é tudo conversa que no dia seguinte só resta a cinza do cigarro e uma ressaca daquelas. A minha atitude é de sempre voltar a rotina do dia seguinte num conformismo idiota. Certezas precisam ser adquiridas na prática e não no filosofar sobre possibilidades. A conversa é boa, mas quando nossas práticas terminam em somente intervenções de boteco me preocupo com a fala vazia que sai de mim. Quando enfrentarei meus medos e arriscarei certezas pagando o preço de perder a possibilidade de tê-las?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DOS ESPAÇOS ENTRE NÓS




Calou-te como sempre
Calei-te como gostas
Ardeu-me como desejo
Ardeu-me como peço
Nesses calos e ardores
Ficaram as dores necessárias entre nós

terça-feira, 4 de agosto de 2009

QUANDO ESCOLHI A DOR DA FALA


Andei me sentindo empazinada esses dias. Não sei ao certo como contextualizar isso ao meu momento, mas vamos lá. Sinto que descobri muito de mim em quatro meses de análise e num conflito interno cheguei a uma breve e tortuosa conclusão de que era hora de dar um tempo. Pensei que já não conseguia ir mais além do ponto que cheguei e escavar ainda mais e encontrar mais destroços é algo que não sei se poderia suportar. Fui completamente decidida a não dar um ponto final, mas colocar uma ampulheta de tempo. Dar um tempo pra tentar resolver esses bueiros destapados que tem dado a viver jogando merda pra cima e espirrando em tudo que eu faço. Antes só o fedô incomodava, mas agora a sujeira resolveu se mostrar de vez e por mais que eu limpe ela sempre retorna. Porque eu só limpo o lado de fora, mas a faxina tem que ser feita lá dentro sugando tudo o que não presta. Todo o entulho estragado. Toda a podridão de anos e anos que tudo permaneceu muito bem tapadinho e escondido.
Talvez aí tenha chegado no ponto do início da conversa, sobre estar empazinada. Talvez possa parecer contraditório, mas por mais que eu esvazie as coisas de mim mais me sinto cheia. Como se ao falar fosse me dando conta da real dimensão do banquete que tive. E que as coisas que falo na verdade só são aquele bolo de comida da superfície, mas que ainda tem muita coisa por vir. É só o primeiro engasgo.
Eu tentei convencer a mim mesma. Não consegui. Achei que se eu conseguisse convencer a minha analista do tempo que eu achava que queria eu poderia convencer a mim mesma. Batalha inútil que travei. Perdi com ela e comigo ao mesmo tempo. Duas derrotas num dia. Fico fugindo das dores como se fosse capaz de evitá-las. Como se me calar não causasse dor. Eu precisei hoje decidir com qual dor quero ficar. Precisei hoje escolher qual a dor quero que faça parte de mim. E hoje eu ainda fiquei com a fala. Não sei até quando o limite de suportar vai me permitir. Mas hoje, apenas hoje vou continuar dando espaço pra minha fala. Mesmo que ela não seja do jeito que eu queria que ela fosse. Mesmo que eu ainda sinta falta de um pouco mais de verdade e intensidade em mim. Ainda assim, vale mais a pena que me calar.