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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

(SEN)tido












Mas que sentido quero dar? Eu não quero dar é sentido nenhum. To deixando vir. Deixando brotar. Sentido sei não. Não sei sentir. Sente quem tem tempo pra parar. Eu tenho pressa. Corro sem firmar os pés no chão.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

BYE BYE, BABY


É porque você simplesmente não vai e não fica. Permanece nesse lugar de transições. No entre de nada e coisa alguma e ainda acha que habitar esse espaço lhe dá total vantagem no jogo. Sinto lhe dizer que eu já peguei estrada faz tempo. E me levei como companhia. Parei de deixar e achar seus aprisionamentos interessantes ao meu modo de sempre querer ficar e nunca partir.

domingo, 26 de setembro de 2010

DO VENTO


Assim quase vez em quando me permito ares frescos e vento forte batendo no cabelo. Assim quase vez em quando como se errado fosse. Como se não fosse pra mim sempre. Mas deixo estar e vez em quando o vento chega a porta e eu deixo ele entrar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

DOS MEUS LIMITES E FORMAS


Buscando respeitar meu não. Todo aquele limite que me cerca e me faz dizer “aqui não, aqui não quero estar”. E dando passos curtos. Reconhecendo territórios. Querendo acreditar que há outros possíveis em meu entorno. Eu preciso deixar meu olhar encontrar coisas outras que hoje eu ainda não consigo ver. Eu quero acreditar nesses outros possíveis pra mim. De todos esses caminhos prontos que vivi... deixar passar. Trazer deles a experiência na carne do que foi, é, será, mas como processo mutante. Como vida em transformação. Em mim, mas já de maneira outra que eu permiti ser. Deixando o novo tomar conta. Pois, é-se sendo. A cada instante num outramento de si. As formas que atualizo de mim é fundamentalmente responsabilidade minha. E tornar-me consciente disso a cada instante tem sido um exercício cruel com a minha consciência que anda cada vez mais pesada diante de toda minha imobilidade.





"Sei todos os ângulos de ir, mas vivo no lugar de quem fica."
(Tati Bernardi)

domingo, 19 de setembro de 2010

DEIXAR IR



Nessas tuas buscas aquietou o coração para se ouvir. Havia chegado a hora de deixar partir. Deixar ir. Dos bons e maus sentimentos. Soltar no ar. E o que ficar depois da ventania guardar no fundo. Como algo precioso de tudo o que sobrou da tempestade. Seja bom ou ruim guardar como tesouro. Faz parte do que te constitui fortaleza. Mas de vez em quando também deixar pegar ar. E se ainda ficar... É teu.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

domingo, 12 de setembro de 2010

NOSSO BARCO


Palavra? É difícil falar? Então fica mudo. Permanece assim. Mas me mostra que você quer de verdade porque eu to a ponto de abandonar esse barco, procurar resgate e deixar você afundar sozinho.

sábado, 11 de setembro de 2010

AMOR DE ALARDE








Então agimos feito duas crianças.
Tocamos a campainha um do outro e saímos correndo antes de alguém atender a porta.
Desse tipo de amor que faz alarde ao chegar, mas vai embora sem a gente ver.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

DESSA NOSSA ESTRANHA RELAÇÃO


É quando eu estou com você que eu não consigo me entender bem. Como um imã que me puxa eu preciso ficar bem perto. Você me puxa até você de uma maneira que não sei bem como explicar. Eu fico fria e quente, estremeço e congelo, dá vontade de rir e chorar. E no meio disso tudo é muito bom e muito ruim. A vulnerabilidade que você me traz me faz conhecer partes minhas que nasceram com você. Você as atualizou em mim de tal maneira que me assusto com tudo aquilo que tenho me transformado depois do seu boom em mim. A todo instante me vejo reorganizar tudo pra poder me adequar numa maneira de encaixe dessa nossa estranha relação. Agora então que as coisas vão ficando mais reais, que algumas coisas até então virtuais atingiram o real de tal maneira que não posso mais deixar embaço e engasgo. E você não me diz nada. Você sempre tão raso. Dessas tuas palavras que se contradizem com teus atos e habitam em mim confusão misturada com incertezas.






"- Sim, fiquei enlevada com você, ainda estou. Ninguém jamais despertou tamanha intensidade de sensação física em mim. Afastei-o, pois não suportaria ser um capricho passageiro. Antes de entregar meu corpo, preciso entregar meus pensamentos, minha mente, meus sonhos. E você não queria saber de nada disso."

(Sylvia Plath)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

DO QUE ME ESCAPA


Nem todo o medo de cair, que me faz ficar no chão, impede que o chão ceda um pouco mais.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

DEPOIS DO TEMPORAL


Caminho de volta pela estrada molhada após o temporal. As flores que tu me deste em mãos já em pedaços e aquele sentimento no peito de que não tem mais volta. Vou voltar e esquecer como foi chegar. Perder o caminho. E o vento vai secar minhas pegadas.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

BORRÕES SEM BORDA


A ventania entortou o céu. Passou e tirou tudo do lugar. Arrancou as raízes do chão, mesmo as mais longas e firmes. Olho em volta e não há natureza. Não há natural. É uma forma de estranhamento e a cada olhar é um deslocamento que me causa. Eu mesma estou toda troncha, contorcida, revirada. Eu não sei catar os cacos. Alguém perguntou pra eles se eles querem ser colados de volta onde um dia foram vaso? Onde um dia foram vidro de uma coisa só? Uma coisa só? Quem... O que... É uma coisa só? Tantos ventos, ventanias que passam por nós e através de nós nos fazendo dois, três, quatro, vários e tantos que já nem sabemos. E essas cacos que ficam no caminho e se perdem na estrada. E o óculos rachado que faz ver as coisas partidas ao meio. E quando se perde o óculos e a vida vira borrão. Minha vida tá um borrão de quem não tem óculos. E na teimosia de continuar a não ter fico vendo as coisas assim sem precisão e certeza. Ás vezes me forçam e descrevem a paisagem para mim, mas eu continuo a preferir fazer de todas as paisagens autorias minhas e decifrá-las como as vejo. Mesmo que sejam apenas borrões. E na fuga de formas endurecidas me cristalizei em borrões. Borrões sem borda.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

PASSAGEIRA


Nem ando conseguindo escrever bonito. Nem conseguindo dizer o que sinto. Acho até que nem ando conseguindo sentir o que sinto. Fica só essa sensação rasa. Esse toque feito vento. Tudo passa.





“Fico me perdendo em páginas de diários, em pensamentos e temores, e o tempo vai passando. Covardia é uma palavra feia. Receio de enfrentar a vida cara a cara. Descobri que não me busco ou, se me busco, é sem vontade nenhuma de me achar, mudando o caminho cada vez que percebo uma luz. Fuga, o tempo todo fuga, intercalada por períodos de reconhecimento”

(Caio Fernando Abreu)