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domingo, 28 de março de 2010

QUANDO NÃO SEI DIZER


Não é só saudade
Não é só falta
Não é só arrependimento
Não é só culpa
Não é só insegurança
Não é só incerteza
Não é só dúvida
Não é.
E mesmo afirmando na negação
Sei que tudo isso não deixa de ser
Ainda que não seja.
Não, não é.
E nem ouse perguntar o que é então.

"Eu não sei por que
Eu teimo em dizer
Que amo você
Se eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer... "
(Zeca Baleiro)

quarta-feira, 17 de março de 2010

AINDA SOBRE INVENÇÕES DA VIDA...


A gente inventa de que pode fazer tudo. Vai lá delineia caminhos que parecem espaços vagos onde se pode caminhar. Até o banho da realidade mostrar que o caminho na verdade são, no plural em sentido e significado, caminhos e que eles se cruzam e as linhas desses caminhos que pareciam retas na verdade são curvas diversas que se transpassam e perpassam e optar por uma delas é condição para se seguir. Ás vezes dá pra se voltar de hora em hora. Brincar de passear pelas ruas no meio do seu tempo vago preenchido de compromissos comprometidos com você. Então não sei, viro, desviro, dobro, desdobro as esquinas pra tentar estar em todos os lugares um pouco de cada vez. Compartilhar. Me partilhar. Me partir. Entre caminhos me sinto muito mais em partidas que em chegadas me percebo como não inteira naquilo que faço. Então que fiz? Brinquei de dançar apenas? Me dizem que não posso dançar todas as músicas na mesma hora. Preciso escolher uma de cada vez, ao seu tempo, não no meu tempo. Com meu tempo que me falta dentro do seu tempo. E que tempo? Onde está esse tal tempo para que nós possamos negociar minhas horas?

"Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
A vida não pára..."
(Lenine)

sábado, 13 de março de 2010

DO QUE INVENTAMOS


Antes fosse só saudade proclamada em verso. Da que inventamos pra suprimir a que está calada em nós. Fala nos versos que insistimos em dizer que inventamos. Invenção de vida vivida. Vivi o que inventei. Inventei de viver. Nas invenções da vida, sobrou até de inventar de sofrer.

terça-feira, 9 de março de 2010

DO MEU AMAR [2]


Não é amar
Nem como o mar
Talvez seja vento ventania
Ou uma simples calmaria
Não é que eu não sinta
Muito menos minta
Mas traz paz
Num silêncio mordaz






"Mas levo esse amor
Com o zelo de quem leva o andor
Eu velo pelo meu amor
Que sonha"
(Chico Buarque)

sexta-feira, 5 de março de 2010

DO MEU CRIME


Meu único crime foi a tentativa de assassinato que cometi contra nós dois. Queria matar a nossa saudade, que achei ser nossa e era só minha. No fim o atentado contra a minha saudade recaiu sobre você como uma ofensa a sua liberdade. Invadi teu espaço, este que eu já acreditava compartilhar sem precisar de permissão. Não tinha visto e mais um crime recaiu sobre mim. E como estrangeira voltei pra casa me sentindo fora da lei, fora de rumo, fora do amor.

DO MEU AMAR


Você me olhou e disse que queria tentar mesmo sabendo dos riscos das farpas e marcas que levava comigo.
Eu olhei pra você e neguei teu amor e carinho muito mais por mim do que por você. Eu sabia que ia te machucar, mas eu sabia que me machucaria muito mais receber esse amor que eu não sabia amar.





"Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu
Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo
Mas Carolina não viu...
Carolina, nos seus olhos tristes, guarda tanto amor, o amor que já não existe [...]"
(Chico Buarque)

quinta-feira, 4 de março de 2010

SOBRE MEUS VERSOS (TRISTES)

Se achas meus versos tristes é porque não entende a poesia de minhas palavras
Escrevo cantando a beleza de se viver
A vida é alegria por si só, mesmo quando se está a sua espera
Talvez seja pretensão minha achar que você deva entender meus traços
Mais pretensão ainda achar que eu me faço por entender
Então solto tudo a você deixando que agarre o sentido que quiser
A espera de que nossos sentidos se encontrem e se agarrem juntos enfim
Porque de um jeito ou de outro a gente sempre se entende



"Eu só sei que cansei, enfim; 
Dos meus desencontros; Corre e diz a ela que eu entrego os pontos"

(Chico Buarque)