Ela deixava o tempo acalmar todas as revoluções. Vivia sem rotinas, sem regras e sem normas. Era mais fácil. Acordava sem pressa de compromissos a espreita. Preenchia seus dias de nada com coisa alguma. Não soube ocupar bem sua liberdade nas escolhas. Desmanchou-se sem conseguir criar limites pra si. Foi escorrendo pela estrada arrastando-se e mesmo com tantos pés seu caminhar era lento que quase não podíamos dizer que saia do lugar. Estava era jogada. Pelos caminhos viam-se pedaços dela esquecidos. Ela ia deixando pra trás dizendo um dia voltar pra buscar, mas a dificuldade de conseguir seguir a fazia não pensar em voltar. E as tantas mãos que possuía podiam agarrar o mundo, no entanto levava apenas o vento. Agarrada a nada e desmanchando-se pelo caminho procurava por gravetos pra fazer muros de si. Impor alguns limites a ela tão essenciais naquele momento. Talvez se impor algumas rotinas diárias aparentemente duras, cruéis e frias. Mas é que muito calor, sol, verão? Tudo muito líquido, mar, onda? Resta só pedaço e um em cada canto. Sentindo falta do concreto foi poetizar sobre ele. Que até beleza tinha. Mas pode deixar que o concreto dela é apenas aquela casca crocante de empanados que facilmente se quebra. Porque com aquela moça nada é tão permanente assim. Seu mundo é poroso que só.
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quarta-feira, 27 de abril de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
DE ADIAMENTOS
Versos Fragmentados
"Ele não sabe mais nada sobre mim. Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos. Ele não sabe quantos livros pude ler em algumas semanas. Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos. Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa. Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria."
(Marla de Queiroz)
terça-feira, 5 de abril de 2011
JÁ NÃO TENHO FORMA
sábado, 2 de abril de 2011
APRENDENDO DE DEFESAS
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