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domingo, 30 de novembro de 2008

ALQUIMIA



Daquele tipo que te pega por trás e sem pedir licença te rouba sua essência e penetra em você. Ficam ali a brincar com suas línguas enrolando uma na outra. Ora eu em você. Ora você em mim. Ora nós dois em nós. Mordidas leves e brutais nos lábios, daquele tipo que te suga até o que te falta. Brigando de espadas com suas línguas úmidas de licor de menta. Fez arder. E já não se sabia se era por conta da menta ou se era o fogo que saia de seus corpos. Ou se foi a própria alquimia dessa mistura quente que os fez entrar em combustão. Toda a pista pegou fogo e só se viu chamas no lugar.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

PASSAGEIRA



O mundo anda tão preto e branco. Tudo pulsa. Tudo treme. Tudo se move. Mas é tudo tão automático. O mundo tem andado no piloto automático. Quem é esse piloto gente? Alguém já viu seu rosto? Já lhe deram bom dia? Ele é alguém em que se possa confiar o mundo? É a vida passa... E ultimamente anda passando cada vez mais depressa. Meu passado me vem em flashs e não consigo conceber o quanto a vida é fulgás. Quanto já fiz de mim sem que soubesse o que de mim fazia. Tem dias que sou puro impulso e emoção. Outros a razão me domina de tal forma que me impossibilita de me mover. Enquanto isso a vida passa. O mundo gira. E o lugar que deixo quando volto já não é o mesmo. Tenho medo do retorno e do quanto pode ser frustrante ver certas mudanças. É difícil partir. Mas ainda mais difícil é voltar. Nada volta como antes. A vida anda passando pra mim. As pessoas andam passando por mim. E eu sou aquela que nunca volta. Eu sempre fico.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Afetos Fragmentados

"Redondo sem início e sem fim, eu sou o ponto antes do zero e do ponto final. Do zero ao infinito vou caminhando sem parar. [...] Eu sempre fui e imediatamente já não era mais. [...] Nunca a vida foi tão atual como hoje: por um triz é o futuro."

(Um Sopro de Vida - Clarice Lispector)

domingo, 23 de novembro de 2008

PEDIDO AO TEMPO


Peço tempo ao tempo

Para fazer o que desejo
Mas nem em meus sonhos eles cabem
Meus desejos transbordam os ponteiros.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

sexta-feira, 21 de novembro de 2008


Parece que tenho perdido a dose, o freio, o medo, o silêncio. Num processo de sentir tudo no qual o que fica é só o vazio do nada sentir. Quando muito se tem nada quer. Eu não quero nada, pois estou farta de tudo... Tudo o que me cerca. Tudo me parece velho e desinteressante. Ando precisando do novo, do desconhecido, do frio na barriga, do contato em carne viva. Consegui me desvencilhar das amarras que me prendiam. Mas mesmo solta não quero a liberdade. Quero me prender em alguém. Quero que alguém se prenda a mim. Mas é tudo tão velho e desinteressante.


-=Þëqµëñä Þö놡zä=-

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PARTE DO TODO


Já não sei em qual abismo me deixei
É só corpo que levo
Só físico
Só matéria
É uma parte do todo


O mundo me reconhece como tal
Como todo
Mas eu não
Não me vejo
É apenas parte de mim que me move
A outra está morta
É estorvo
É encosto
É resto

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-



quarta-feira, 19 de novembro de 2008

NO ENCONTRO DA ESCRITA



Por que as vezes nos é tão difícil escrever? Me parece que as vezes os sentimentos não cabem em palavras e tentar definí-los é reduzi-los numa materialidade que não os cabe. É condensar a sensação num único valor, num só termo como se ele não pudesse ser vários. E no momento que o escrevemos apreendemos nele essa marca e ele deixa de poder ser qualquer outra coisa que pudesse vir a ser. As palavras tem peso. A escrita marca. O indizível quando dito parece que impossibilita o poder ser de outra maneira que não aquela. Não se pode voltar atrás. E quando se escreve se expõe. É impresso seu próprio eu ali nas palavras. Escrever é arriscar-se. Escrever é encontrar consigo mesmo. Registrar o que pensa e assinar em baixo. Eu quero escrever hoje uma coisa e amanhã escrever totalmente o contrário sem medo da culpa. Quero que tirem de mim o fantasma da escrita. chega de susurros eu quero gritar. Berrar para que todos ouçam meu grito. Vou escrever pura e simplesmente pro meu prazer. Escrever porque gosto. Escrever para o nada. Como agora que jogando palavras entrelaçadas no papel sem destino. Se por algum acaso elas chegarem até você, será por sua conta lê-las ou não. E nem tenho pretensão de agradar-te, fique pra você algo de bom ou ruim. Aquela que escreve já escancarou e chutou seus fantasmas. Só o ato de extravasar já me basta. Não quero reconhecimentos, nem pompas, nem festas. Eu quero despojar de mim mesma. É um exercício de tirar as máscaras e dar forma ao que não tem corpo. Dar nome ao que não tem nome. É na angústia que faço versos em busca de mim mesma. Escrevo pra me encontrar.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-


domingo, 16 de novembro de 2008

É que não vejo razão em certas coisas. E não vejo porque manifestar alguma reação. Espero paciente pela minha hora. Mas que seja feita a minha vontade.

-=Þëqµëñä Þö놡zä=-