Páginas

terça-feira, 27 de outubro de 2009

DA AMIZADE

Horas e horas conversando sobre suas dores percebemos que são minhas dores também. Todas nóias e preocupações que tens compartilho contigo. E mesmo sendo autoras de histórias diferentes os medos e angústias que nos movem e paralisam são da mesma ordem. Quase chegamos a utilizar as mesmas palavras para expressar o que sentimos. Falamos inexplicavelmente a mesma língua.
Uma conexão que está para além de qualquer tipo de explicação e lógica. A verdade é que você me faz muito bem. Conversar contigo e nos percebermos tão próximas me faz sentir que estou menos sozinha nesse mundo maluco. Uma cumplicidade sem cobranças nem juros ou correção monetária. Tudo na medida certa, sem saber a certeza dessas medidas. Sempre estão a mudar a variar. Mas a gente não pergunta o preço simplesmente paga e não com gosto de dívida, mas aquilo que é. Com um prazer de um presente recebido. Nossas conversas tem o frescor das tardes de outubro. Não há tempo ruim e os ventos fortes de tempestade que chegam até nós não derrubam nossas estruturas. Estamos sempre lá firmes. Sei que posso contar contigo amiga. Sabes também que me tens pro que der e vier. E a sabedoria de nossas certezas vem do ar que passamos uma para a outra. Sem medos de perdas e de que nos tire o chão. Na simplicidade e cumplicidade que agradeço por fazer parte do que sou a cada dia.


(Para uma grande amiga que mesmo tão longe se faz tão perto)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

SOBRE MEU EGOCENTRISMO

Impressionante que mesmo fungindo de parar pra pensar eu penso. Um bucado de coisas me seguem. Tenho sentido falta da fala. Sentido falta dos expurgos, até aqueles que dei pra parede daquela sala pouco iluminada deitada confortavelmente num divã. Falta demais. O que sobra também falta. O que me parece e sempre pareceu é que tudo diz de algo e que eu de alguma forma estou diretamente relacionado com o que se diz. Eu vejo minha implicação em tudo. Ás vezes até demais, ora também de menos. Mas fala de um peso sobrecarregado. Justificativas plausíveis dentro de lógicas aceitáveis a mim. Sempre a mim. De uma obsessão incontrolável por ver minhas digitais por onde vou. Todo vestígio e resquício me denunciando. Sim, culpada! Com cara de vítima me denuncio culpada de fatos que muitas vezes fui meramente figurante. Aceito toda e qualquer condenação de cabeça baixa. Mentira! Eu disfarço finjo que não é comigo achando que todos estão falando de mim e fingindo não saber. Assuntos que por muitas vezes não me tem como pauta. Saio assim tentando enganar o próprio engano meu.

Pintura: Gustav Klimt

domingo, 18 de outubro de 2009

DE BANDEJA


Bebe do meu sangue
Prova da minha carne
De sobremesa fica com meu gozo até a ultima gota.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SOBRE A MINHA INDIFERANÇA





Eu não sei dos meus vazios

Desses frios na barriga
Desses nós na minha garganta
Eu não sei dos meus incômodos e calafrios
E a minha indiferença a tudo isso é o que mais me fere

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SOBRE MEU RITMO


Escolhi a velocidade do vento, por hora
Não quero ter tempo pra parar e observar como as coisas passam
Eu não quero pensar
Não quero
Ver cada verso no compasso da repetição
Rever cenas
Rever a minha vida todo dia repetindo o mesmo roteiro?
Alienar-se do óbvio!
Eu não agüento
Por hoje não
Deixa tudo rodar
Deixa seguir
Deixa ir
Eu acompanho no mesmo ritmo