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segunda-feira, 31 de maio de 2010

DO QUE QUERIA ACREDITAR


Hoje eu sabia. Não era real. Nunca havia sido. Não sei como me deixei enganar. Não se culpe. Não te culpo. Hoje eu sei que se eu acreditei no que você me disse foi muito mais por mim. Não foi você. Eu queria acreditar.

domingo, 30 de maio de 2010

COISAS QUE DEIXO PELO CAMINHO

Como farelo você caia de mim. No meu caminhar me despedaçava. E todo resto meu era muito mais teu. Era tua parte em mim que se desgrudava. Eu nem sentia o quanto ia te deixando pra trás. Era aos poucos. Bem devagar. Mas ia marcando os passos por onde andava. Caso você me chamasse de volta. Eu até cataria os farelos. Juntaria e colaria de volta. Era só você querer. Só você me chamar.




“E além de não estar nem no aqui nem no agora, ele não partia.”
(Caio Fernando Abreu)

sexta-feira, 28 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

DE UMA ENTREGA



Nem sei o que foi aquele momento vão de me encontrar com o acaso. Pulei. Cai de pára-quedas sem controle de onde parar. Tinha solo firme. Mata íngreme. Mar revolto. Lagoa parada. Deixei o vento na sua direção com o tempo me guiar. Achei sinais que me faziam desistir e querer pegar o controle. Mas não peguei. Minhas mãos vacilavam procurando o encontro do poder absoluto sob o que estava fazendo. Mas continuei firme. Resisti às recaídas e me entreguei mais uma vez a corrente. Caí no deserto. E diante da seca, sem ter me prevenido do que estava por vir.... morri. Na seca morri afogada em meus pensamentos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

SOBRE FERIDAS

Quando a gente grava na carne e o sangue não consegue estancar
É pra lembrar a cada dia da ferida que você mesma fez a si.
Se não tem esparadrapo que tampe e estanque, deixa exposto
Deixa entrar ar. Deixa respirar. Com tempo as feridas se fecham.




"Alguma coisa morria em mim naquela procura de meta inatingível, desconhecida - e num tempo mesmo algo nascia de repente, puxado não sei de que desvão, de que sombra oculta, de que arca fechada, coberta de poeira, abriam-se portas em mim, janelas quebravam, estilhaços saltavam, pedaços de vidro me cortavam sem piedade, já não via a noite, o dia, o tempo, o espaço onde estávamos, vagávamos no cosmos ou estávamos presos numa esfera conhecida? eu não sabia, eu morria, eu nascia sucessivamente, em desespero, eu compreendia súbito. Não, não era amor. Era terror."

(Caio Fernando Abreu)

segunda-feira, 24 de maio de 2010

DE QUANDO SANGRO

Me pediram pra eu me calar e me ouvir.
Chega de me calar
Quero me ouvir gritando rasgando meus lábios de tanto abrir e proferir sentimentos
Quero sangrar e se for pra sentir que seja nas profundezas.
Que sejam retiradas de mim lascas de meu ser em movimentos alternados Ora lentamente
Ora com vigor
Quero sentir-me
Que corpo é esse?
Que ser é esse?
Que dor é essa que permanece por causas diferentes?
Então é a causa ou a dor o problema?
Será que as causas não tem me tapado os sentidos?
E essa dor? O que carrega?
O que quero dizer a mim que só me digo por dormências.
Dorme menina. Dorme.
Quem sabe em teus sonhos encontre as respostas pras tuas dores?
Não...
Quero sentir minhas dores acordada e de pé.
Andar sangrando
Marcar meu passo
Machucou
Doeu
Mas sigo firme de pé.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ME OUÇA




Aquieta-te pro teu coração
E veja se consegue me sentir dentro dele.
E qualquer resquício meu
Vivo ou morto
Cuida-te bem dele
Porque eu ainda sinto tudo que você o faz
Meus gemidos acompanham tua respiração.

sábado, 15 de maio de 2010

DESSA NOSSA RELAÇÃO SEM NOME


Ainda estou tentando delinear o que de fato você se tornou pra mim hoje. Nossas relações se dissolveram e toda vez que me pego significando você não encontro lugar. Ou talvez sejam vários que num momento de ação sua não sei de qual lugar você usa para falar determinada coisa. Então te resignifico a todo momento. Repenso tuas formas em mim. Tuas formas em nós. E não sei. Continuo a não saber. Não nos demos nomes. E ás vezes quando fazemos uso de alguma nomeação sempre parece inapropriada. Descabida. Parece que a gente vai ter que parar de querer encontrar formas prontas pra nós. Vamos ter que criar o nosso próprio jeito e inventar um nome. Ou talvez deixa esse nome pra lá... pra que nomear? Talvez eu na busca por reconhecer formas e limites tenha deixado de sentir que formas eu quero que fiquem em nós. Mesmo que estas possam ainda não terem sido inventadas. Talvez o que nos falta é nos deixar guiar pelo que sentimos. É que de alguma forma em alguns momentos eu tenho toda pressa e ao mesmo tempo não tenho pressa nenhuma.





Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exata. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

DESSE NOSSO AMOR DE PASSAGEM



Você me confunde. Faz eu distorcer as palavras. Me embaralho com esse teu jeito de me dizer que comigo é diferente. E mesmo diante de tantas promessas e planos não é comigo que você está. Te deixo seguir. Sem te procurar. E você vem a mim mais uma vez com propostas descabidas. Seria tão bom se assim fosse. Se teus planos e promessas ficassem mais que nas palavras. Quero marcas mais profundas. Quero trocar nossas carnes, nosso espírito. Eu já te sinto em mim mesmo quando você some. Mesmo quando eu não estou pensando tanto em você. De algum jeito você vem. E quando penso que não quero mais. Você me procura, parece que pra me lembrar que você é meu prazer mais intenso. Que posso até ás vezes deixar de lado. Mas quando volta me arrasta e me leva pra junto, pra perto, pra sempre... sempre... nunca. Sempre nunca perto.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

VENTO BOM



















Tá tudo tão quieto.
Tudo tão manso.
E vem você como uma corrente forte de ar frio abrindo minha janela.
Me invade.
Vento bom. Muito bom
Eu sempre gostei dos fins de outono.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

DE QUANDO PRECISO DE VOCÊ

Não sei bem ao certo as coisas que me levam até você...
É como se houvesse uma força que me puxasse e me levasse ao teu encontro. Vou até você tremendo. Cada vez mais perto mais meu corpo flutua em terremoto. Uma onda que mais parece um Tsunami. E teus olhos pequenos lá embaixo me vendo. Assustado como se eu fosse demais pra você. Como se tudo isso fosse demais pra você. Parece que mais uma vez te sufoco.






"Eu preciso muito, muito de você. Eu quero muito, muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando. Você nem precisa trazer maçãs, nem perguntar se estou melhor, você não precisa trazer nada, só você mesmo, você nem precisa dizer alguma coisa no telefone, basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio. Juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro. Mas eu preciso muito, muito de você."

(Caio Fernando Abreu)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SOBRE NOSSO JOGO

Sem muitas delongas. Sem grandes pedidos. Sem muitos pesares. Digo que abandono o jogo, porque não trato o amor como sorte ou azar. Não vim aqui pra ganhar ou perder. Ter ou não ter. Queria compartilhar com você a minha vida. Mas está sempre de partida. E em nossas partidas sou sempre eu que fico partida. Fico com aquela sensação de jogadora em nocaute. E quando você volta pra mais um de nossos jogos, finjo que dessa vez eu vou ganhar. A única coisa que ganho são migalhas de tempo com você. Não quero ser nem jogadora nem mendiga de amor. Restos? O amor é mais que sobras. Você janta com ela e eu fico com o que sobrou. Isso quando sobra algo dos jantares. Quantas vezes tivemos que desmarcar nossos encontros porque nem sobras você teria pra mim?! Me retiro de campo nem como ganhadora, nem como perdedora. Mas como eu. Com a parte de mim que queria compartilhar com você. A tomo de volta ferida e lascada, mas a se recompor. Tua presença-ausência tem sido mais nociva do que tua falta por completo. Porque não é tua falta que machuca, mas a esperança ilusória de que você é uma parte minha também. Somos cartas de baralho perdidas em outros jogos. Jogos incompletos. O fim nunca é o fim porque a gente termina antes de acabar o segundo tempo. Faltam regras e condições em nossos jogos. E ao invés de discutirmos sobre elas deixamos como está e nos viramos pra seguir a vida até a próxima partida. Então agora imponho algumas regras pro jogo que você quer jogar. Primeiro não tratar nossa relação como um jogo. Segundo nesse (não)jogo eu só jogo de dois, eu-você e mais ninguém. Terceiro nossa partida não tem hora pra acabar, porque aqui não importa ganhar ou perder, mas estarmos juntos de verdade. Coisa que nunca estivemos. Quero um amor sem hora marcada na agenda.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

UM CONTO DE UM ENCONTRO (PARTE 2)

Indico que leiam ouvindo a canção da Tiê - Aula de Francês




Foi em um janeiro que eles voltaram a se encontrar. Ali sentados naquele café de uma esquina francesa qualquer, puderam praticar suas línguas conterrâneas. Puderam compartilhar causos e acasos de suas vidas. Perguntaram de si como se investigassem suas próprias vidas. Mas nada ali foi intimidador. Parecia que se conheciam ha anos. Conversavam como dois amigos de longa data com uma intimidade e afinidade conquistadas ali, no agora, na relação. Carolina lembrou da passagem que tiveram. A primeira vez que se viram. Pedro disse que se lembra bem. Porque ficou com aquele rosto em sua cabeça durante todo esse tempo que se passou. Também teve vontade de pará-la, mas deixou ir, pois aquele era seu ultimo dia no Brasil e sua vida estava complicada demais pra arranjar mais dores pra sua partida. Carolina assim entendeu porque nunca mais Pedro havia passado naquele lugar durante todos os dias que ela esperou por ele. É claro que ela ainda não falou com ele sobre sua espera. Parecia ainda não ser o momento, a hora certa. Carolina guardava ainda segredos pra si, principalmente aqueles que pudessem deixar aquele encontro com sabor de pesar. Decidiu apenas aproveitar, sentir aquilo como se fosse um ultimo suspiro. Depois do café, andaram pelas ruas conversando e rindo. Olhar para a paisagem era casual, quase um charme da relação. Esqueceram de seus compromissos e o tempo que tinham fora dali, daquele encontro. Dividiram-se trocando partes de si. Já de madrugada, depois de passarem o dia todo juntos apenas conversando, Pedro levou Carolina até seu hotel. Carolina enquanto caminhavam ficava se perguntando se pedia pra ele subir ou não. Quando chegaram, não fez o convite, ele apenas deu o endereço de sua casa e seu telefone. Ela pegou o bilhete dobrado e guardou no bolso, sem trocar seu telefone com ele. Ele ficou apenas com aquele sorriso encantador no rosto esperando retribuição. Não houve e ele não pediu também. Ele sabia onde procurá-la se quizesse. Num abraço apertado se despediram com um beijo leve e demorado no canto dos lábios. Ela subiu até seu quarto no 7º andar e olhando o relógio viu já estar atrasada. Eram 02:37. Seu vôo para o Brasil sairia ás 03:15. Pegou suas malas e chamou um taxi para o aeroporto.

domingo, 2 de maio de 2010

NOSSO TRIZ

Senti. Menti quando te disse que os sentimentos se esvaem e evaporam feito bolhas de sabão. Porque em mim as coisas fervem. Borbulho sempre num risco de derramar. Mas fica sempre por um triz. Ficamos sempre nesse triz. Nos entre caminhos que nos rodeiam. Quando nos vemos, nossos corpos parecem tremer como se chamassem um pelo corpo do outro. Cada vez mais perto mais sentimos cada célula do nosso corpo se bagunçar, como se nossos corpos buscassem outras formas pra se acoplar. Meu corpo quer fagocitar o seu. Quando nos somos, já somos outros em nós. Tenho procurado ultimamente palavras discretas e em curtas frases te dizer o que meu corpo grita. É como se não precisasse expor em palavras algo que exala de mim em visão, tato, olfato e paladar. Você me alcançar em audição vira mero pretexto.

sábado, 1 de maio de 2010

SOBRE MEUS ARRANJOS



Nos meus desconcertos
Encontro arranjos que me deixam de pé
Então me toca de leve pra que eu não desmorone.