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terça-feira, 28 de junho de 2011

A GENTE VAI SE PERDER

"É, pode ser que a maré não vire
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar"

(Dois Barcos - Los Hermanos)



Eu acho que a gente vai se perder. Inevitavelmente a gente vai se fazer caos e deixar de ver aquilo tudo do início. E deixar de ver nem sempre é deixar. Mas tem alguma coisa em nós desde quando começou que me dizia que havíamos um tempo programado um pro outro. Tempo curto. E tudo fica tão claro, quando eu vejo nossas brigas pela ultima metade de queijo na geladeira. Metades também se partem. Mais ainda assim nosso amor se acalma, porque ver o outro comer nossa metade quase nunca tem sido martírio. Só que aos poucos me sinto diminuir. Então quase grão, observamos um ao outro ficar mais leves até nos perdermos de vez. É. Inevitavelmente a gente vai se perder.

DE SINAIS


Eu fico dando voltas em tuas voltas, procurando um tipo de toque. Dar sinais sem sinalizar. Sinais onde eu possa me refugiar caso eu meu perca. Então te sinto longe. Mas estamos tão perto um do outro. Eu sinto e sou todo seu respirar. Mas ainda assim distantes e tão perto. E vou dando voltas em você. Quem sabe um dia eu esqueça de esperar você abrir a porta e pulo a janela.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

ESCORRENDO


Eu sempre preferi não ouvir o que pensam de mim. Por maior que fosse a curiosidade em saber, nunca quis correr esse risco. Saber o que o outro pensa de nós é violento demais. Ao mesmo tempo todo esse ar de mistério que gera em volta do não saber faz aumentar e alimentar as minhas angústias e inseguranças. Por mais fortaleza que possa transparecer ser. Tem uma menininha fraca lá no fundo se protegendo da vida, muitas vezes se esquivando dela. Essa menininha não consegue dar a cara à tapa. Ela não quer sangrar. Mas ás vezes é preciso escorrer e deixar ir. E pra isso precisamos do impacto de uma porrada forte e de frente.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

DE PARTIDAS



E assim foi o dia em que ela resolveu seguir. E pela primeira vez foi a moça que partiu, os outros que ficaram. Todos os outros ficaram e ela se foi. Abriu a janela da sala e pulou deixando apenas uma carta de despedida. E levou tudo com ela, como quem leva um tesouro escondido. Era estranha a sensação de partir, de deixar pra trás, de seguir. Ela sabia muito bem como era estar do lado oposto e o quão doloroso era. Mas essa sensação de partir. Essa sensação do novo. Isso era mais do que ela poderia explicar. Ela estava aprendendo a dar seus primeiros vôos. Sozinha. Aprendendo tudo sozinha. Do jeito que ela bem sabia fazer. Ia nos campos mais distantes treinar seus vôos que era pra ninguém a ver cair. Ela não era dada a erros públicos.