Páginas

terça-feira, 27 de abril de 2010

NÓS(SOS)

Nossos nós distantes
Longe tão longe
E nós presos
Longe... perto...
Presos em nós mesmos e em nós dois.
A gente nem vai junto e nem vai embora.
Ficamos
Distantes e perto dos nós.
------------------------------------------------------------------------------


------------------------------------------------------------------------------

O que criamos para nós ficará guardado em nós difíceis de desatar. Talvez permaneçamos assim embolados e fechados. Do tipo de caso que de tão mal resolvido bem está.

domingo, 25 de abril de 2010

NÃO SE VÁ



Nesses meus encontros musicais, que ultimamente tem sido tantos.
Compartilho minha dor, sentimento, afeto com aqueles que transformaram suas melancolias em poesia e canção.
Me encontro em tuas palavras e melodias.






"Espero que você não se vá
Se eu não tiver nada mais para te contar
Não sei dizer, quem dirá?
Talvez numa segunda fria
Ou num domingo de sol pela manhã
É triste sim, eu sei
Duas pessoas em silêncio
Sempre dão tanto o que falar
Então me espere na terça
Ou depois de amanhã
Quem sabe?
Na quinta ou sexta, no mais tardar
Eu direi
Não se vá"

(Não se vá - Thiago Pethit)

sábado, 24 de abril de 2010

DOS MEUS CACOS


O barulho de garrafas se chocando me (in)comoda em demasia.
Deixa parado então.
Não quero choque. Quero sossego.
Se chocar e quebrar? Eu não vou saber o que fazer com os cacos.
Não quero cacos além dos cacos meus que ninguém quer nem eu.


------------------------------------------------------------------------

------------------------------------------------------------------------


Ao menos quando algumas coisas já estão em cacos a gente junta.
Agora quando ainda tem que se tomar a decisão de se atirar do alto pra se estraçalhar...
Paro.
Penso.
Não consigo.
Ainda
(...)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ENTÃO VAI VOAR PRA LONGE DE MIM...






Te vejo distante. Te deixo ir. Eu ainda estou aprendendo sobre medidas. Talvez tenha calculado errado quando achei que eu caberia na tua vida.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

ENGARRAFADA

Joana. 32 anos. Nem magra nem gorda. Cabelos longos e pintados de vermelhos, mas com a tinta já para retocar. Não era uma mulher de manias. Tinha uma apenas. Juntar garrafas. Catava todas que via pela rua. Das que tiveram a vida mais alegre na mão de um adolescente em meio a um show animado. Até a garrafa de um bêbado chorando lamúrias em uma esquina qualquer. Todas eram lembradas e guardadas por ela. Todas as garrafas que pudesse. Sua casa já não se via mais nada a não ser garrafas. Ah é claro e todas eram de vidro. Elas eram muito bem cuidadas. Assim que chegava em casa Joana lavava e tirava o rótulo uma a uma. Todos os dias olhava para elas com encantamento. Sentia-se tão só e abandonada quanto elas. Cuidava delas como gostaria de ser cuidada por alguém. De uma sutileza e amor muito amor. Tanto amor que começou a perceber que de tanto amá-las acabou por aprisioná-las. Nesse amor acabou por cultivar um de seus maiores medos: perdê-las. Com um tempo passou a perceber que todo o cuidado e carinho que as deu já havia sido o suficiente e agora elas precisavam voltar para a rua. Precisavam correr riscos e porque não? Quebrar. Sim elas precisavam correr o risco de virarem cacos. E junto com suas garrafas espatifou-se no chão. Deixou-se derramar junto com as garrafas. Engarrafada de pensamentos, medos, anseios e dores foi (des)engarrafando em meio a dança e poesia fazendo um convite a todos para se engarrafarem. Dividindo garrafas em meio a desabafos e permitindo que algumas pudessem se quebrar. Não sem dor. Não sem choro. Mas se permitindo deixar ir.



Inspirado na apresentação da Companhia de Dança "Centro de Experimentações em Movimento" com a peça "Engarrafada.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

UM CONTO DE UM ENCONTRO


Essa moça passava todo dia pela mesma rua. Procurava pontualmente a distância e marcação exata dos ponteiros de seu relógio. Devia ser tudo sempre o mesmo daquele dia tão incomum que ela o viu passar. Foram dias, semanas e meses e nenhum sinal daquele rapaz belo que a conquistou. A repetição dos dias por ela não fez com que ele repetisse os dias dele para encontrá-la. Então ela desistiu. Mudou de esquinas. Mudou de horários. Deixou seu ponteiro girar de volta ao fuso normal. Mudou de cidade e de país. Até que um dia sem planejar, sem nem ao menos lembrar daquela tarde de setembro, ela o viu passar mais uma vez a sua frente. Só que dessa vez ela o cumprimentou e o chamou pra tomar um café.





P.S.: Talvez essa história não termine por aqui...

terça-feira, 20 de abril de 2010

sábado, 17 de abril de 2010

DE NOVO













No meio dessa história fico pensando que talvez eu acabe perdendo espaço junto com meu passo.
Não sei se é aparência ou realidade.
Não sei qual confusão me confundiu.
Me sinto frágil como se me quebrasse a cada momento de novo... de novo... de novo...
Mas não vejo nada de novo.
Sempre velhas formas revestidas de novo... de novo... de novo...
E eu sempre tão velha e passada, com palavras já gastas e usadas.
Meu discurso já não cabe em mim.
Invento apenas novos arranjos desarranjados.
Me causam incomodo e ânsia de vômito.
Me falta fome de seguir e procurar mais do que me alimentar.
Sempre de barriga cheia, satisfeita, sentada a espreita.
Esperando de novo... de novo... de novo...
Preciso trocar os sentidos.
Tenho andado ao contrário do avesso que poderia ir ser tido.




"E você continua indo embora, e eu continuo ficando, vendo você levar partes de mim que antes eu nem sentia falta. "
[Tati Bernardi]

sexta-feira, 16 de abril de 2010

DE NOSSAS MARCAS ENCRAVADAS

Então sei lá... Foi no teu corpo que pela ultima vez compartilhei meus vestígios. Nos trocamos em cada fissura de nossos corpos até nos invadirmos pelos poros e no fim da noite acabamos por exalar o outro. Marcamos nosso corpo como o senhor de engenho marca teu gado. Nossas digitais trocadas fazendo perder a identidade em território alheio. Então me desfiz quando te deixei. Mudei de nome, endereço, cortei o cabelo, abandonei amigos, deixei pra trás tudo aquilo que pudesse trazer você em lembrança de volta pra mim. Mas tua pele estava encravada no meu corpo e nenhuma mudança que eu fizesse seria o bastante pra te desencravar de mim.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SOBRE NOSSA DANÇA


Senti tua pele pegando fogo. Nossos corpos dançavam como se já soubessem a coreografia que inventávamos ali no instante. Entre pegadas e suspiros ofegantes nos estragávamos um ao outro nos deixando guiar. E já não se podia saber se era eu ou você no comando. Porque não havia dois. Éramos um. Entre amassos e abraços nos confundimos em outros corpos. Nos confundimos em nós mesmos. Os passos largos que dávamos pareciam pequenos, como se tão perto ainda houvesse uma distância de um abismo entre nós. Da ordem de uma impossibilidade a ser botada a prova. Quem seria o primeiro a ousar rompê-la, invadi-la? Então ficamos assim pelos vãos. Pelas esquinas do acaso. Pelos murmúrios do destino. Pelos percalços do querer. Num deixar estar silencioso que chega a ensurdecer.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A MELODIA DE BONNY DUNDEE



Eu não tenho costume de postar qualquer coisa que não seja por meio dos códigos das minhas palavras em versos.
Mas devido ao momento musical e pensante no qual me encontro quero compartilhar essa música com vocês mais uma vez, agora em som e vídeo... deixou de ser só palavra em verso.
Poesia cantada tem que ser bem apreciada e compartilhada quando se vale a pena.

Essa banda é do meu Estado, o Espírito Santo. Gosto muito da banda Solana e em particular essa música, mais ainda nesse momento que me cabe tão bem.
Então para os que leram a letra que postei no post anterior e até mesmo pros que ainda não leram apreciem a melodia.



segunda-feira, 12 de abril de 2010

VOCÊ VEM QUANDO QUER EU TE QUERO SE MESMO NÃO VEM


"Quem ficou ?
Eu acho que os dois: esperando um outro dia arrefecer.
Quem sofreu ?
Eu acho que ninguém: você vem quando quer eu te quero se mesmo não vem.
Eu não tenho frescor de quem se banha em mar,
mas venha que eu posso te deixar mais leve.
Você pode até gritar.
Amanhã ?
Eu acho que vou duvidar: você podia parar de uma vez em mim.
Eu não tenho frescor de quem se banha em mar,
mas venha que eu posso te deixar mais leve,
você pode até gritar.
Quer saber ?
Eu acho que vou aprender a pintar, talvez amanhã."


(A melodia de Bunny Dundee - Solana)

quinta-feira, 8 de abril de 2010

DOS VERBOS QUE CONJUGO

Então eu digo sim e você diz não. Então eu digo não e você diz sim. E a gente vai brincando de desdizer o que se disse. Vai inventando de inventar o que não existe. O que já é deixa de ser sendo... passando... vivendo... Vai longe. Bem longe. O que fica é só o instante que já foi. Nada é. Sempre está. Estandando estou estendo estado. Sempre me perco nos tempos dos verbos que conjugo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

DOS MEUS CHÁS E CAFÉS


Que tempo é esse o tempo da espera? Quanto dura a espera de esperar? Quando se está pronta a esperar será que se planeja tempo cronometrado? Então se espero porque gosto já deixou de ser pelo gosto de depois da espera e passou a ser só a espera por si só. Então troco as esperas, muda-se o foco com o mesmo objetivo. Por fim espero, e mais uma vez prorrogo pro amanhã meus verbos sempre defectivos conjugados no futuro do subjuntivo.