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sábado, 26 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE "EU TE AMO"


Num mundo onde o “eu te amo” foi banalizado. Chegamos a tomar café da manhã espirrando um “eu te amo”. Meio que por acaso. Não era bem a intenção. Saiu. Não foi isso que eu quis dizer. Como assim não teve a intenção?
Eu perdida em toda a banalização que o “eu te amo” se tornou, não consigo dizê-lo. As pessoas que amo parecem ter que sentir o meu amor assim sem eu precisar dizer. Alguns deles são inclusive meus amores mais seguros, aqueles que não preciso reafirmar todo dia que amo a pessoa. Pois apenas no olhar a gente sabe. A gente sabe.
Mas sempre há aquelas pessoas que a gente sente que elas não sabem o quanto são importantes pra nós e a gente simplesmente não consegue fazê-las perceber isso. Elas são parte de nós, tem nosso apreço e sentimento mais profundo e todo nosso desconcerto faz com que ela não entenda as vestes do nosso amor. Nem sempre podemos nos fazer compreender por inteiro. Pois é, mas é desse tipo de “eu te amo” calado que me incomoda. Dessas entrelinhas indecifráveis escritas em braile. É preciso contato. Mais contato pra sentir. Por mais importante que seja pra mim ainda fica um abismo. A ponte do “eu te amo” ás vezes é estreita. Nem sempre estamos preparados pra atravessar. Com cada um tem um tempo. Um momento. E mesmo se não digo não quer dizer que eu não sinto. Ás vezes tenho medo do silêncio ou de respostas automáticas e vazias que minha fala pode causar no outro lado.


 
E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça.
(Clarice Lispector)

domingo, 20 de setembro de 2009

SAUDADE

Toda noite minha alma vai até você.




A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
(Rubem Alves)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

MEMÓRIA



Fragmento que acontece movido de sentimento.
O que nos move mas também paralisa.
O passado presente futuro.
É verbo posto que está sempre em ação.
Aquilo que fica marcado na carne pingando sangue até o fim dos dias.




O que a memória ama, fica eterno.
(Adélia Prado)

domingo, 13 de setembro de 2009

DE CARNE EXPOSTA



Um instrumento afiado. Aprofundo em meus membros rasgando meu ser. Procuro vida, marcas, essência. Procuro um ultimo suspiro de clamor por auxílio. Eu me exponho em carne viva como carne exposta em açougue. Mas só as moscas mostram um interesse descontrolado por mim. Ficam ali a me posar, a me gozar, a me fertilizar. E eu continuo não sentindo nada.



terça-feira, 8 de setembro de 2009

DO TEMPO

Desses espasmos de abraços compassados
Desses faxos desencantados de embalos
Desses por vezes viris sentimentos
Dessas beiras de potências
Dessas maneiras
Dessas maneiras

O que será eu já não sei
Cabe o tempo no seu contratempo
Se dispor a desvelar o que a vida encobriu
Se assim nos for possível
Caberá então a cadeira no canto da sala
O assento da espera
A inquietude de esperar o que não se sabe
Essas maneiras
Essas maneiras

Vê se te mantém aí
Vê se nem chega mais perto
Vê se fica
Não volta

O tempo é corrimão de escada
A gente senta com cuidado
Mas nem todo o cuidado nos impede de deslizar rápido
Além do que poderíamos prever.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SOBRE BOLOS E A VIDA


Tem momentos que a vida me lembra muito meu modo de preparar um bolo. Quando, mesmo que eu tente, nunca consigo bater as claras em neve. Fica apenas um liquido espumento, o que me frustra um pouco e me causa um certo receio de como isso poderá afetar o resultado final. Mas no fim aquele liquido insosso não tira a fofura de meu bolo.

sábado, 5 de setembro de 2009

DOS MEUS ENGASGOS



Toda pausa engasgada vem junto aquele sentimento de impotência. Pensei em falar tudo o que sentia e simplesmente descarregar todo aquele peso de mim. Mas tinha uma espécie de bolo, um excremento entalado na minha garganta e eu não pronunciei nada. Deixei o vazio. A aparência de um bem estar mal estado.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

DA PRECISÃO






Tem coisas que se pode pensar rápido, outras sem prazo de validade pra expirar. Mas quando precisamos de tempo e nos dão um limite calculado... É preciso ser preciso na precisão. Sem medo de precisar a mira errada.