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domingo, 27 de dezembro de 2009

sábado, 26 de dezembro de 2009

DOS MEUS SINAIS



Eu queria ser mais explicita a você sem precisar de uma sirene e luzes florescentes.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

SOBRE SER AMADA



Tenho que aprender a viver mais sem você. É bom ter com quem trocar carinhos e palavras de amor, mas eu não posso continuar prendendo você a mim. Me viciei na tua companhia mas eu não te amo. Gosto do que me proporciona, mas não porque é você quem o faz. E sim porque sinto falta, porque gosto de ser amada. Que mulher não gosta de se sentir querida? Infelizmente temos chegado a um momento de muitas cobranças e quando comecei a perceber que os juros estavam altos demais eu vi que não dou conta de pagar. Teu amor me consome demais e vejo que tem sido uma troca injusta pra você. E todo o amor que você me dá agora vem me fazendo muito mal. Nossos jogos e apostas terminam por aqui.
Talvez meu maior erro tenha sido em querer ser feliz sem perceber que você só queria me fazer feliz.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

DOS MEUS REFUGIOS









Pra não te ligar mais uma vez me refugio em versos sobre você.
Porque eu insisto em pensar em te procurar sempre que minha mente se mantém desocupada?

sábado, 19 de dezembro de 2009

QUANDO SEI


É quando você me olha com esse meio sorriso nos lábios e me toca tirando meu cabelo do rosto.
É quando eu converso com você e você segura minha mão me olhando bem fundo.
É quando você me abraça por trás me envolvendo em teus braços me protegendo do frio.
É quando você me beija de leve no pescoço e vai subindo até chegar num beijo quente na boca.
É quando você me pega, me segura, se encaixa.
É quando tudo isso junto acontece como um fenômeno de graça que eu sei...
É quando eu sei que isso tudo é pra valer.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

SOBRE O REAL

Foto: Catarina Krug

A minha falta com a escrita consiste na minha presença maçante na vida em ato. Nem sempre acho isso tão bom. Tanto a escrita quanto a fuga para vida são meios de fugir do real. Estranho isso?! Mas é que existem várias maneiras de se viver. Ás vezes parece que sempre busco aquela que me tira um pouco do real. Muitas vezes na escrita me sinto muito mais dentro da realidade do que fora dela. Isso tudo me parece muito louco e bizarro. O que é real? Se não a própria história que contamos para nós e acreditamos nela. Porque não posso chamar isso de real? Só porque não se parece com a realidade do outro? E vivamos em realidades diferentes que saibam dialogar, mas que tenham seus espaços de ser um a cada momento. Eu quero poder criar e reinventar o real a cada instante. Fazer de conta que a vida é assim e de tanto fazer acabar sendo. Porque não?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

SOBRE ARTIFICIALIDADES


Vejo tudo com tanta artificialidade. Sorrisos, lágrimas, abraços e socos. Parece que nenhum tipo de sentimento representa de fato o que deveria ser. Vejo demais com meus olhos de dentro.
Os que não reagem como eu serão falsos? Ou serei eu a própria falsidade que não consigo ver? E será que só porque é diferente precisa ser ilegítimo?
Deslegitimamos o tempo inteiro atos e sentimentos como se fossemos donos da verdade do outro. Já tem sido difícil tomar posse de nossas próprias verdades e queremos dar conta das do próximo. As críticas e desconfianças excessivas tem me irritado em demasia.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

SOBRE A VIDA

Não sei. A vida é curta e tão pequena. Ocupamos apenas um limiar do que de fato ela representa e é. Mas o que ela é e representa eu não sei. Temos nossas maneiras particulares de nos dizermos e nos colocarmos para a vida. Seja quando a enfrentamos ou quando a negamos. Cada um vivendo um mundo próprio e solitário achando que só ele próprio é capaz de entender. Sem permitir compartilhar numa comunhão de bens o que lhe pertence para que juntos sendo proprietários do mundo deles possam tornar o fardo de viver mais leve e mais natural. Porque viver é natural, nós é que somos seres artificiais demais para a vida.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Versos Fragmentados







"A felicidade só é real quando compartilhada."
Frase retirada do filme "Na natureza selvagem"

domingo, 29 de novembro de 2009

DOS MEUS CAMINHOS


Ei, você. Que dizia saber tanto sobre mim. Me responde agora que já não sei mais. Me diz que traços contam minha história? Que linhas ainda tenho a percorrer? Nesse mapa errado de traços apagados eu já me perdi de mim.

sábado, 28 de novembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DAS TUAS MARCAS


Eu queria não ter que me lembrar de você na minha pele. Teu gosto. Teu cheiro. Teu suor. Está tudo impregnado em mim. Tuas digitais marcadas em meus seios. Sinto no relevo da minha pele cada parte do meu corpo que você tocou. Não adianta lavar. Nem a bucha já gasta de tanto esfregar meu corpo conseguiu tirar você de mim. Invadiu meu ser. Está dentro e fora. Meu corpo fica exalando você o tempo todo. Já não resta em mim nada que não venha de você. Mas é tudo resquício. Foi só o que ficou. É a forma do meu corpo pedir por você mais uma vez.

domingo, 22 de novembro de 2009

QUANDO VIRAMOS NÓS


Estranho jeito esse meu de me aproximar do teu corpo, da tua pele, do teu toque. Cada contato sinto meu corpo vibrar. Me afasto. Tenho ido perto demais num curto espaço de tempo. Eu não consigo chegar até você sem sempre buscar voltar ao ponto de partida. Nós dois me desconcerta. Me desarruma. Voltar é ter a segurança de que em algum lugar eu tenho o chão que você não me dá. A vida não é só feita de asas. A gente também precisa pousar.

sábado, 21 de novembro de 2009

Versos Fragmentados

"Meu mestre amado,

Não tenha medo.
Não se mova.
Não fale.
Ninguém irá nos ver.
Fique onde está. Quero olhar para você.
Temos a noite toda para nós e quero olhar para você.
Seu corpo para mim.
Sua pele.
Seus lábios.
Feche os olhos.
Ninguém pode nos ver e eu estou aqui ao seu lado.
Está me sentindo?
Quando eu o tocar pela primeira vez será com meus lábios.
Você vai sentir o calor, mas não saberá onde.
Pode ser que seja nos olhos.
Vou pressionar minha boca contra seus olhos e você irá sentir o calor.
Abra seus olhos agora, meu amado. Olhe para mim.
Seus olhos nos meus seios.
Seus braços me erguendo, me fazendo deslizar sobre você.
Meu choro abafado, seu corpo estremecendo.
Não há fim para isso. Não está vendo?
Você vai ficar para sempre jogando a cabeça para trás e eu estarei para sempre enxugando minhas lágrimas.
Este momento tinha que acontecer. Este momento acontece e continuará a acontecer a partir de agora e para sempre.
Nunca mais vamos nos ver. O que tínhamos de fazer, nós fizemos...
Acredite, meu amor, nós fizemos eternamente.
Mantenha sua vida fora do meu alcance.
E se isso pode fazê-lo feliz, não hesite um só instante em esquecer a mulher que agora diz, sem nenhum vestígio de arrependimento, adeus."



Carta que aparece no filme "Paixão Proibida", inspirado no romance de Alessandro Baricco, "Seda".
Essa carta na verdade é apenas um trecho da carta que está no livro. Partes mais quentes foram cortadas. Confesso que fiquei no mínimo curiosa para lê-la na íntegra.

sábado, 14 de novembro de 2009

DO QUE NÃO VOLTA


Eu to aqui tentando consertar os estragos que fiz da minha vida. Os caminhos que entortei e das lascas que tirei. O tempo leva tanta coisa que não volta nunca mais. Fica só saudade. Só lembrança. Só estrago. Fica só. É, fico. E dos preenchimentos que tento fazer fica sempre com acabamento ruim. Não tem concerto. Nem o sorriso tem mais aquele brilho e as palavras quase nem saem com qualquer entonação. Sei que não fui só eu, mas me deixo com pesos maiores porque são histórias que se repetem. Então de alguma forma isso parece estar muito mais em mim.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DAS MINHAS FUGAS


Me pego fugindo de tudo. Principalmente das responsabilidades que me cabem. Engraçado é que quando tenho que retornar me vem como uma bomba. Estoura e não sei pra que lado olhar. É sempre assim antes e depois da fuga. A fuga também é estouro. É tudo fulgás. No fim das contas só restam pó e cinzas. E flashs, muitos flashs. Nada por inteiro. E nenhum lugar pra chamar de meu.


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

QUANDO FIQUEI SÓ

Aprendi nesses dias a estar só comigo mesma. Não é rejeição do que vem de fora, mas é acolhimento de mim mesma. De respeitar meus pensamentos. De saber ficar horas e horas se ouvindo. A princípio fui forçada a isso, mas quando vi estava pegando o gosto e o jeito. Não me entenda mal, não é que eu não goste ou não consiga estar só, mas das vezes que o fiz foi por escolha e opção. Dessa vez o meio e pessoas me levaram pra uma espécie de solidão acompanhada. E meu falar saia vazio, virando murmúrio no ouvido de outrem. Até que me calei pra falar a mim mesma e minha solidão de só acompanhada ficou preenchida. Consegui me desprender da solidão vazia e triste. Daquele só, cheio de pesar. Pude parar pra pensar em tanta coisa e confesso que não fiz a descoberta da minha vida, nem agora em diante serei uma pessoa melhor e transformada. Não se trata disso. Se trata de pequenas coisas, pequenas vírgulas, pequenos vãos, coisas pequenas que eu não via e só de ver já é melhor, já muda algo, já vai alguns graus pra direita ou esquerda quem sabe. Só virei um pouco o leme do meu barco da vida. Os ventos estão mais suaves e continuo a seguir. Aprendendo a caminhar um pouco mais só, um pouco mais calma, um pouco mais leve. Deixei alguns pesos pra trás.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

DA AMIZADE

Horas e horas conversando sobre suas dores percebemos que são minhas dores também. Todas nóias e preocupações que tens compartilho contigo. E mesmo sendo autoras de histórias diferentes os medos e angústias que nos movem e paralisam são da mesma ordem. Quase chegamos a utilizar as mesmas palavras para expressar o que sentimos. Falamos inexplicavelmente a mesma língua.
Uma conexão que está para além de qualquer tipo de explicação e lógica. A verdade é que você me faz muito bem. Conversar contigo e nos percebermos tão próximas me faz sentir que estou menos sozinha nesse mundo maluco. Uma cumplicidade sem cobranças nem juros ou correção monetária. Tudo na medida certa, sem saber a certeza dessas medidas. Sempre estão a mudar a variar. Mas a gente não pergunta o preço simplesmente paga e não com gosto de dívida, mas aquilo que é. Com um prazer de um presente recebido. Nossas conversas tem o frescor das tardes de outubro. Não há tempo ruim e os ventos fortes de tempestade que chegam até nós não derrubam nossas estruturas. Estamos sempre lá firmes. Sei que posso contar contigo amiga. Sabes também que me tens pro que der e vier. E a sabedoria de nossas certezas vem do ar que passamos uma para a outra. Sem medos de perdas e de que nos tire o chão. Na simplicidade e cumplicidade que agradeço por fazer parte do que sou a cada dia.


(Para uma grande amiga que mesmo tão longe se faz tão perto)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

SOBRE MEU EGOCENTRISMO

Impressionante que mesmo fungindo de parar pra pensar eu penso. Um bucado de coisas me seguem. Tenho sentido falta da fala. Sentido falta dos expurgos, até aqueles que dei pra parede daquela sala pouco iluminada deitada confortavelmente num divã. Falta demais. O que sobra também falta. O que me parece e sempre pareceu é que tudo diz de algo e que eu de alguma forma estou diretamente relacionado com o que se diz. Eu vejo minha implicação em tudo. Ás vezes até demais, ora também de menos. Mas fala de um peso sobrecarregado. Justificativas plausíveis dentro de lógicas aceitáveis a mim. Sempre a mim. De uma obsessão incontrolável por ver minhas digitais por onde vou. Todo vestígio e resquício me denunciando. Sim, culpada! Com cara de vítima me denuncio culpada de fatos que muitas vezes fui meramente figurante. Aceito toda e qualquer condenação de cabeça baixa. Mentira! Eu disfarço finjo que não é comigo achando que todos estão falando de mim e fingindo não saber. Assuntos que por muitas vezes não me tem como pauta. Saio assim tentando enganar o próprio engano meu.

Pintura: Gustav Klimt

domingo, 18 de outubro de 2009

DE BANDEJA


Bebe do meu sangue
Prova da minha carne
De sobremesa fica com meu gozo até a ultima gota.


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

SOBRE A MINHA INDIFERANÇA





Eu não sei dos meus vazios

Desses frios na barriga
Desses nós na minha garganta
Eu não sei dos meus incômodos e calafrios
E a minha indiferença a tudo isso é o que mais me fere

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SOBRE MEU RITMO


Escolhi a velocidade do vento, por hora
Não quero ter tempo pra parar e observar como as coisas passam
Eu não quero pensar
Não quero
Ver cada verso no compasso da repetição
Rever cenas
Rever a minha vida todo dia repetindo o mesmo roteiro?
Alienar-se do óbvio!
Eu não agüento
Por hoje não
Deixa tudo rodar
Deixa seguir
Deixa ir
Eu acompanho no mesmo ritmo


sábado, 26 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE "EU TE AMO"


Num mundo onde o “eu te amo” foi banalizado. Chegamos a tomar café da manhã espirrando um “eu te amo”. Meio que por acaso. Não era bem a intenção. Saiu. Não foi isso que eu quis dizer. Como assim não teve a intenção?
Eu perdida em toda a banalização que o “eu te amo” se tornou, não consigo dizê-lo. As pessoas que amo parecem ter que sentir o meu amor assim sem eu precisar dizer. Alguns deles são inclusive meus amores mais seguros, aqueles que não preciso reafirmar todo dia que amo a pessoa. Pois apenas no olhar a gente sabe. A gente sabe.
Mas sempre há aquelas pessoas que a gente sente que elas não sabem o quanto são importantes pra nós e a gente simplesmente não consegue fazê-las perceber isso. Elas são parte de nós, tem nosso apreço e sentimento mais profundo e todo nosso desconcerto faz com que ela não entenda as vestes do nosso amor. Nem sempre podemos nos fazer compreender por inteiro. Pois é, mas é desse tipo de “eu te amo” calado que me incomoda. Dessas entrelinhas indecifráveis escritas em braile. É preciso contato. Mais contato pra sentir. Por mais importante que seja pra mim ainda fica um abismo. A ponte do “eu te amo” ás vezes é estreita. Nem sempre estamos preparados pra atravessar. Com cada um tem um tempo. Um momento. E mesmo se não digo não quer dizer que eu não sinto. Ás vezes tenho medo do silêncio ou de respostas automáticas e vazias que minha fala pode causar no outro lado.


 
E "eu te amo" era uma farpa que não se podia tirar com uma pinça.
(Clarice Lispector)

domingo, 20 de setembro de 2009

SAUDADE

Toda noite minha alma vai até você.




A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.
(Rubem Alves)

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

MEMÓRIA



Fragmento que acontece movido de sentimento.
O que nos move mas também paralisa.
O passado presente futuro.
É verbo posto que está sempre em ação.
Aquilo que fica marcado na carne pingando sangue até o fim dos dias.




O que a memória ama, fica eterno.
(Adélia Prado)

domingo, 13 de setembro de 2009

DE CARNE EXPOSTA



Um instrumento afiado. Aprofundo em meus membros rasgando meu ser. Procuro vida, marcas, essência. Procuro um ultimo suspiro de clamor por auxílio. Eu me exponho em carne viva como carne exposta em açougue. Mas só as moscas mostram um interesse descontrolado por mim. Ficam ali a me posar, a me gozar, a me fertilizar. E eu continuo não sentindo nada.



terça-feira, 8 de setembro de 2009

DO TEMPO

Desses espasmos de abraços compassados
Desses faxos desencantados de embalos
Desses por vezes viris sentimentos
Dessas beiras de potências
Dessas maneiras
Dessas maneiras

O que será eu já não sei
Cabe o tempo no seu contratempo
Se dispor a desvelar o que a vida encobriu
Se assim nos for possível
Caberá então a cadeira no canto da sala
O assento da espera
A inquietude de esperar o que não se sabe
Essas maneiras
Essas maneiras

Vê se te mantém aí
Vê se nem chega mais perto
Vê se fica
Não volta

O tempo é corrimão de escada
A gente senta com cuidado
Mas nem todo o cuidado nos impede de deslizar rápido
Além do que poderíamos prever.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

SOBRE BOLOS E A VIDA


Tem momentos que a vida me lembra muito meu modo de preparar um bolo. Quando, mesmo que eu tente, nunca consigo bater as claras em neve. Fica apenas um liquido espumento, o que me frustra um pouco e me causa um certo receio de como isso poderá afetar o resultado final. Mas no fim aquele liquido insosso não tira a fofura de meu bolo.

sábado, 5 de setembro de 2009

DOS MEUS ENGASGOS



Toda pausa engasgada vem junto aquele sentimento de impotência. Pensei em falar tudo o que sentia e simplesmente descarregar todo aquele peso de mim. Mas tinha uma espécie de bolo, um excremento entalado na minha garganta e eu não pronunciei nada. Deixei o vazio. A aparência de um bem estar mal estado.


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

DA PRECISÃO






Tem coisas que se pode pensar rápido, outras sem prazo de validade pra expirar. Mas quando precisamos de tempo e nos dão um limite calculado... É preciso ser preciso na precisão. Sem medo de precisar a mira errada.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DA PAZ [2]

Falei da paz que desejo pra mim...
Hoje se vem apenas uma leve calmaria acompanhada de uma brisa suave já me basta.
Tempos bons estão escassos.


Pintura: Gustav Klimt


sábado, 22 de agosto de 2009

PRONTO FALEI...


Meu lado mulherzinha ta enchendo a porra do meu saco ultimamente.

P.S.: Obrigada ao blog "O que elas estão lendo?" pela proposta do blog super bacana. Fiquei muito feliz por ter ganhado o livro no sorteio. Moças e até moçoilos porque não?! Entrem no blog e usurfruam das dicas e até promoções. O blog é muito bacana.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

DO LUGAR QUE OCUPO


Me coloco sempre nesse mesmo lugar
No meio
Entre nada e coisa nenhuma
Fico sempre ali impedindo o trânsito
Mesmo que seja de facas atravessadas
Permaneço no meio
E acredito estar impedindo de fato turbulências
Sou alçada fácil para aqueles que querem fugir de suas responsabilidades
As tomo pra mim com tanta rapidez
Que só me pesa
Me pesa
Um peso que vem não por me colocar no meio
Mas por ser local de depósitos
Depositam em mim os lixos que eu tento repassar reciclados
E as farpas e marcas só ficam em mim
Será?
Pois os olhares atravessadas e frases não ditas continuam ali
E eu no meio
Bem no meio.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SOBRE ESCULTURAS E ESSÊNCIAS HUMANAS

Ouvi uma vez uma frase de Michelangelo que dizia mais ou menos que a melhor maneira de julgar os elementos essenciais de uma escultura é jogá-la de um morro e as peças que não forem importantes vão se quebrar. Esse pensamento me ocorreu vagamente hoje e pensei que ao me atirar do alto talvez só restaria pó. Nada conseguiria se manter inteiro. É como se sentisse que a desintegração de mim hoje é mais fundamental do que a permanência desse corpo ambulante sem razão. Talvez do pó que sobrasse de mim em novos moldes formasse algo mais integro e verdadeiro do que sou. Mais fundamental ao que pode se chamar de ser e existência. Me falta então, coragem de saltar e conferir o que restará enfim. Porque nem sei ao certo o que quero dizer com tudo isso. Vem do que sinto. Mas os sentidos nem sempre conseguimos expressar integralmente com as palavras. Acho que talvez tenha a ver com isso. Quis tanto que me entendessem nos mínimos e de tanto simplificar perdi a essência da espontaneidade de me ser e errar. E não apenas errar, mas errar sem culpa, do tipo que pesa como se fosse a única pessoa do mundo que cometesse erros. Sendo que se trata de uma condição humana que vivo fugindo de cumprir, ou ao menos de mostrar que a cumpro. Então talvez acabe saltando no fim e convide uma enorme platéia pra anunciar as minhas falhas antes escondidas atrás de uma bela pintura.

domingo, 16 de agosto de 2009

SOBRE MEUS DIAS DE DOMINGO

A vida? O que espero dela? Com certeza mais do que venho fazendo de fato por mim. Minha vida tem sido uma espécie de amontoados de domingos sentada sozinha em frente a TV, assistindo filmes que me dão os suspiros que a minha vida não me dá. Tenho vivido através da vida de outras pessoas, onde no fim sempre o melhor acontece. Algumas vezes me decepciono pois queria mais emoção, mais amor, mais alegria, mais paixão. Entendi que o problema não é das histórias e sim das expectativas e responsabilidades que dou a elas. Como se elas tivessem a obrigação de suprir as faltas da minha vida. A verdade é que a história que quero pra mim não foi contada por ninguém e do jeito que ando a me mover nem em minha vida ela será.
Olhei pra mim bem de perto e vi alguém que tem tanto medo de ficar sozinha que se afasta das pessoas a quem consegue um mínimo de aproximação mais profunda. Talvez quem ache que me conheça leia isso e nem consiga me identificar nessas palavras, mas só eu sei do que falo e o quanto solitário é esse caminho. Semana passada decidi largar a análise, justamente por não conseguir me sentir a vontade o suficiente pra falar de verdade aquilo que realmente importa pra mim. Confiança. Ela me pediu confiança para que eu continuasse. Pois calada ou não a dor sempre está lá, se trata de que tipo de dor a gente quer para nossa vida. E tem sido um esforço grande continuar a ir duas vezes na semana, sentar no divã e me obrigar a pensar nas minhas feridas e desejos. Percebo que além de nunca ter confiado em ninguém o bastante, nem em mim mesma eu pude, pois até de mim escondi quem eu sou. Soube muito bem me esconder e agora parece tarde o bastante pra me encarar de frente e me ver tão humana e tão sem braços e com milhões de pernas. Com uns 5 talvez 6 ouvidos e sem nenhuma boca. E olhos? Ah, muitos e de várias cores e tamanhos. Então tento confiar meus membros e órgãos a alguém que espero que não os decepem, mas me ajude a tentar conviver com eles. E o que precisar ser arrancado fora eu mesma farei. Eu só preciso de tempo e não tenho certeza se será em curto prazo. Enquanto isso, vou me enchendo de dias de domingo, de uma calma necessária pra mim por hora.

sábado, 15 de agosto de 2009

QUANDO ME PROTEJO DEMAIS



Eu só queria amor
Amor e mais nada
(Caetano Veloso)






Cansada de fingir que não procuro o que quero.
Cansada de fingir que quero o que não procuro.
Cansada de fingir ser farsa o que é pura verdade em mim.
Então talvez eu me renda enfim.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Afetos Fragmentados



"São as pessoas que habitualmente me cercam, são as almas que, desconhecendo-me, todos os dias me conhecem com o convívio e a fala, que me põem na garganta do espírito o nó salivar do desgosto físico. É a sordidez monótona da sua vida, paralela à exterioridade da minha, é a sua consciência íntima de serem meus semelhantes, que me veste o traje de forçado, me dá a cela de penitenciário, me faz apócrifo e mendigo."

(Livro do Desassossego - Bernardo Soares)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

SOBRE CERTEZAS E INTERVENÇÕES DE BOTECO

Que certezas que preciso pra poder dar mais um passo? Será possível que eu realmente consiga me preencher de certezas sólidas? É porque não tenho certeza do que quero e ela me parece tão necessária para que eu possa seguir. Não sei o que quero e nem sei se posso dizer que sei o que não quero. A verdade é que não tenho certeza de nada. Ando com tanto medo de arriscar em perder me esquecendo que posso até ganhar. Talvez a perda maior seja permanecer no mesmo e não me mover. Mas é que ando sem paixões a me mover e só locomoção pelo fluxo faz eu ver as coisas tão sem sentido. Pois é, eu tô sem sentidos e nada me comove nem me move. Nada é suficientemente atraente que me faça pensar na possibilidade de caminhar até lá pra ver, pra ao menos saber. Isso é um tipo de coisa que me incomoda. Mas é incomodação preguiçosa, daquelas que se faz sentada numa mesa de bar banhada a cervejas e cigarros na companhia de colegas e filosofias sobre a vida e nossos fazeres. Reclamamos da hipocrisia do mundo, da banalidade de nossos fazeres e delimitando cada uma de nossas insatisfações. Mas é tudo conversa que no dia seguinte só resta a cinza do cigarro e uma ressaca daquelas. A minha atitude é de sempre voltar a rotina do dia seguinte num conformismo idiota. Certezas precisam ser adquiridas na prática e não no filosofar sobre possibilidades. A conversa é boa, mas quando nossas práticas terminam em somente intervenções de boteco me preocupo com a fala vazia que sai de mim. Quando enfrentarei meus medos e arriscarei certezas pagando o preço de perder a possibilidade de tê-las?

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

DOS ESPAÇOS ENTRE NÓS




Calou-te como sempre
Calei-te como gostas
Ardeu-me como desejo
Ardeu-me como peço
Nesses calos e ardores
Ficaram as dores necessárias entre nós

terça-feira, 4 de agosto de 2009

QUANDO ESCOLHI A DOR DA FALA


Andei me sentindo empazinada esses dias. Não sei ao certo como contextualizar isso ao meu momento, mas vamos lá. Sinto que descobri muito de mim em quatro meses de análise e num conflito interno cheguei a uma breve e tortuosa conclusão de que era hora de dar um tempo. Pensei que já não conseguia ir mais além do ponto que cheguei e escavar ainda mais e encontrar mais destroços é algo que não sei se poderia suportar. Fui completamente decidida a não dar um ponto final, mas colocar uma ampulheta de tempo. Dar um tempo pra tentar resolver esses bueiros destapados que tem dado a viver jogando merda pra cima e espirrando em tudo que eu faço. Antes só o fedô incomodava, mas agora a sujeira resolveu se mostrar de vez e por mais que eu limpe ela sempre retorna. Porque eu só limpo o lado de fora, mas a faxina tem que ser feita lá dentro sugando tudo o que não presta. Todo o entulho estragado. Toda a podridão de anos e anos que tudo permaneceu muito bem tapadinho e escondido.
Talvez aí tenha chegado no ponto do início da conversa, sobre estar empazinada. Talvez possa parecer contraditório, mas por mais que eu esvazie as coisas de mim mais me sinto cheia. Como se ao falar fosse me dando conta da real dimensão do banquete que tive. E que as coisas que falo na verdade só são aquele bolo de comida da superfície, mas que ainda tem muita coisa por vir. É só o primeiro engasgo.
Eu tentei convencer a mim mesma. Não consegui. Achei que se eu conseguisse convencer a minha analista do tempo que eu achava que queria eu poderia convencer a mim mesma. Batalha inútil que travei. Perdi com ela e comigo ao mesmo tempo. Duas derrotas num dia. Fico fugindo das dores como se fosse capaz de evitá-las. Como se me calar não causasse dor. Eu precisei hoje decidir com qual dor quero ficar. Precisei hoje escolher qual a dor quero que faça parte de mim. E hoje eu ainda fiquei com a fala. Não sei até quando o limite de suportar vai me permitir. Mas hoje, apenas hoje vou continuar dando espaço pra minha fala. Mesmo que ela não seja do jeito que eu queria que ela fosse. Mesmo que eu ainda sinta falta de um pouco mais de verdade e intensidade em mim. Ainda assim, vale mais a pena que me calar.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

VERSOS EM RETALHOS

Estou naqueles dias despedaçados. Que cada acontecimento nos parece um insulto do tipo de ato inaceitável. As coisas acumulam tanto comigo que quando uma coisa resolve aparecer vem tudo junto. E eu nem sei mais por que ou por quem são as lágrimas que encharcam meu rosto. Eu tão sentimental não consigo sequer compartilhar a dor que sinto com alguém. Guardo-a toda pra mim. Não consigo não pensar em não pensar. Não consigo não chorar mesmo sem querer chorar. Não consigo não conseguir. Quanta impotência meu Deus! Quanta inconsistência do meu ser. Nem versos profundos consigo escrever. Só esses retalhos mal acabados... Pra que escrevo? Pra que insisto em escrever nesses momentos? Essas palavras vazias só fazem desvalorizar e diminuir o que sinto. Eu que nem sei falar de mim tento falar do que sinto. Batalha inútil que travei com os pontos e vírgulas, conjunções e verbos. Meu vocabulário escasso me impede de aprofundar no borbulhamento de meu ser e na fervura do que sinto. Tudo que escrevi aqui não passam de palavras de gelo em busca de calor, que ando cansada de tentar encontrar.



quarta-feira, 29 de julho de 2009

SOBRE O TEMPO E O QUERER


Precisei de um tempo para recompor pensamentos, aquietar sentimentos, reavivar quereres, afugentar mal dizeres. Precisei de um tempo que não se finda e nem se esgota. É só tempo que se perde. Passa, escoa, não para. O tempo nunca para. Precisei de tempo infinito. Mas até o relógio que os ponteiros pararam, apenas revela a hora errada. A gente vê aquilo que quer ver e por mais errado que possa ser um olhar sonhador vê além do que as dimensões do real nos permite.
Eu sempre vi o mundo coberto por um pano multicolorido. A vida não foi mais que a mistura de diversas cores que harmonizavam o ambiente ao meu gosto. Tudo sempre foi bom. Extraordinário? Não. Apenas bom o suficiente e isso sempre me bastou. E eu sempre queria que o tempo parasse, pois eu sabia que na completude de um querer vinha outro a me invadir e eu sempre quis mais. Parar o tempo era minha maneira de deixar de me perder em meus queres.
Hoje eu tirei o pano multicolorido e vejo que o mundo tem muito mais cores que o meu pano podia colorir. A infinidade me ofusca a ponto de eu já não me contentar mais com nada. Hoje nada é bom o bastante e tudo que tenho não me preenche, não me cabe. A harmonia que sempre encontrei em meu pano multicolorido foi falsa e não passou de uma felicidade suave. Hoje eu sei o que pode ser estupendo, estrondoso e eu quero isso pra mim. E sei que tudo o que consegui pode ser sempre mais e eu quero mais. E já não me satisfaço com nada. Não quero o reles o vil. Quero a beleza do furta cor. Roubar todas as cores pra mim e ser várias em uma. E hoje o meu desejo expandiu a ponto de nem se o tempo parar isso vai me bastar. Já não sei qual é o tempo que eu preciso.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

DA VIOLÊNCIA QUE ME FALTA


Olho pra você e tenho raiva. Vontade de falar tudo que estou sentindo. Vontade de vomitar verdades em você. Cuspir na sua cara. Te bater e ver se assim diminui um pouco a minha dor. E pode ser feito de um jeito troncho. No começo posso até não demonstrar muita habilidade. Mas preciso de alguma forma dar forma as coisas que tenho pensado. E não tenho visto forma mais catártica do que a base de socos e ponta pés. Ando precisando de um pouco de violência em mim.

domingo, 5 de julho de 2009

DO QUE ME PARALISA


Eu não me permito ser eu mesma. Eu não agüento o peso de conseguir as coisas. Eu não suporto o fato de que sou capaz. E se me paraliso é por saber que eu posso ir muito mais além do que imagino, mas algo em mim me diz que eu não devo. Onde quero chegar comigo mesma?