O sentido que quisemos criar pra tudo isso que tivemos foi o que estragou o tudo que poderia ter sido. Porque a gente poderia ter sido tanta coisa sabe? E quando a gente não dizia o que era, o que tinha sido, a gente era um pro outro exatamente o que precisava ser. Exatamente aquilo que criamos e imaginamos um do outro. Mas a gente teve que num certo caminhar traçar algumas linhas. E de tudo só restou saudade.
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sexta-feira, 29 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
terça-feira, 19 de julho de 2011
DE QUANDO ME FAÇO PEDRA

Eu achava então que se eu me abrisse e contasse um pouco mais de mim. Não aquilo que todo mundo sabe. Ou aquilo que vêem que sou. Mas contar as coisas que se passam comigo. Aquelas que pouco quase nunca compartilho. Coisas que só eu sei. Que fazem sentido pra mim. Então, eu achava que compartilhar um pouco dessas coisas me faria bem. Faria uma espécie de conexão entre nós. Mas por fim você era ou bonito demais ou de menos. Interessante de mais ou extremamente chato. Sério ou engraçado demais. Cheiro desagradável ou muito perfume. Arrogante ou inseguro. Cafajeste ou bom moço. Era assim. Entre todos os adjetivos eu ia colocando-os em seus extremos. Tudo aquilo que fizesse eu encontrar um motivo para apertar o freio da fala. Por todos estes motivos ou apenas um “não era Ele”. E enquanto eu ainda estiver a qualificar tudo a minha volta, continuarei pedra.
"(...) pedra porque pedra fora, era e seria num sempre que a sustentava, frágil e absoluta."
(Caio Fernando Abreu)
segunda-feira, 18 de julho de 2011
DE NÁUFRAGOS

E se pudesse me ler, será que ainda assim entenderia o que falo? Porque sinto que você passa os olhos e diz que lê teu próximo. Mas lê apenas captando as palavras que saltam. Apreende assim um sentido único e absoluto do que lê. Será possível sentir dessa maneira? Será possível aprofundar-se no sentir quando apenas nos deixamos fisgar por superfícies. Estas que você vê de longe e não tem coragem de caminhar sobre, por medo de afundar. Mas é preciso afundar, meu caro. É preciso ser náufrago em mares estrangeiros. Quem sabe assim você navega um pouco mais em si próprio?