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terça-feira, 30 de junho de 2009

DA FALA ENGASGADA

Foi estranho me sentir impotente daquela maneira. As palavras não saiam de minha boca. Procurava tentar emitir os sons que me ensinaram quando pequena, tentava balbuciar qualquer som entendível como fala e linguagem. Mas não conseguia expressar nada além de lágrimas e soluços engasgados. Além de uma falta de ar insuportável. Aspirava com a boca a fim de reabastecer todo o ar que me faltava. Como isso me machuca, Meu Deus! Como essa coisa da qual não havia me dado conta, hoje é tão presente e tão na cara. E ter que admitir a mim mesma isso o tempo todo é algo que ainda não consigo suportar. Como isso me move de uma maneira que me destrói. É um tipo de juros que sempre entra nas minhas contas e só me subtrai. Me destrói. Me despedaça. E não consigo falar disso sem dor. Admitir certas convicções sem porquês sabidos me causam esses sentimentos de impotência. Não eu realmente não queria dizer aquilo. Admitir mais uma vez pra mim mesma esse meu lado torto e tão sem jeito. Essa parte de mim que me faz tão pequena e frágil. Na posição que eu mesma me coloco por sabe se lá o porquê. Até quando eu não terei a coragem de me admitir como sou?! Admitir em mim todas as falhas e erros que são do ser humano. Me dar a oportunidade de errar e assumir meus erros. Pois todos os erros que eu cometi constituem aquilo que sou e deixá-los às escuras é ainda me deixar esconder. Permitir a mim mesma não acertar de primeira, fazer errado e concertar. Pois aquela a quem me espelho e creio ser perfeita também falha. Porque vivo a tapar todos esses buracos, tanto os dela quanto os meus? Ainda me falta permitir mais de mim, decretar liberdade a tudo aquilo que prendi com amarras no fundo de mim. Soltar as mordaças. Falar. Falar. Falar. Estou cheia, pesada, cansada. Eu preciso esvaziar, largar meus entulhos em praça pública e faço questão de platéia pra que vejam toda a nojeira da qual estou me livrando. Me livrando com anúncio de que aquilo tudo um dia foi meu SIM! Admitir minhas falhas, minhas faltas, meu buracos. Aquilo que muitos já devem até saber ou desconfiar, mas que eu no meu jogo de aparências finjo pra mim que ninguém viu e ninguém vê. Que toda aquela fortaleza com que me visto não passa de gesso puramente frágil.

3 comentários:

Lucas Lima disse...

tem tempos meio escuros, dias que passam pesado, o bom é que é sempre um ciclo, que temos de aprender a conviver, rs
bons dias

Su disse...

Às vezes nos vestimos com uma roupa que não somos nós. Sinta, deixe seu SER ser vc mesma... e quem sabe assim, as palavras sairão mais facilmente...

bjosss!!!

clarice ge disse...

Somos seres ambíguos, alegres e tristes, frágeis e fortes ao mesmo tempo. As vezes vem a tona exatamente o contrário do que sentimos. Nós mesmos jogamos com nossos sentimentos e incertezas. Seria tão mais fácil descomplicar... mas isto só a duras penas aprendemos.
carinhos Gigi