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quarta-feira, 29 de julho de 2009

SOBRE O TEMPO E O QUERER


Precisei de um tempo para recompor pensamentos, aquietar sentimentos, reavivar quereres, afugentar mal dizeres. Precisei de um tempo que não se finda e nem se esgota. É só tempo que se perde. Passa, escoa, não para. O tempo nunca para. Precisei de tempo infinito. Mas até o relógio que os ponteiros pararam, apenas revela a hora errada. A gente vê aquilo que quer ver e por mais errado que possa ser um olhar sonhador vê além do que as dimensões do real nos permite.
Eu sempre vi o mundo coberto por um pano multicolorido. A vida não foi mais que a mistura de diversas cores que harmonizavam o ambiente ao meu gosto. Tudo sempre foi bom. Extraordinário? Não. Apenas bom o suficiente e isso sempre me bastou. E eu sempre queria que o tempo parasse, pois eu sabia que na completude de um querer vinha outro a me invadir e eu sempre quis mais. Parar o tempo era minha maneira de deixar de me perder em meus queres.
Hoje eu tirei o pano multicolorido e vejo que o mundo tem muito mais cores que o meu pano podia colorir. A infinidade me ofusca a ponto de eu já não me contentar mais com nada. Hoje nada é bom o bastante e tudo que tenho não me preenche, não me cabe. A harmonia que sempre encontrei em meu pano multicolorido foi falsa e não passou de uma felicidade suave. Hoje eu sei o que pode ser estupendo, estrondoso e eu quero isso pra mim. E sei que tudo o que consegui pode ser sempre mais e eu quero mais. E já não me satisfaço com nada. Não quero o reles o vil. Quero a beleza do furta cor. Roubar todas as cores pra mim e ser várias em uma. E hoje o meu desejo expandiu a ponto de nem se o tempo parar isso vai me bastar. Já não sei qual é o tempo que eu preciso.

Um comentário:

Diana M. disse...

Saudade dos teus versos poetisa *_*
voltei ^^