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terça-feira, 19 de julho de 2011

DE QUANDO ME FAÇO PEDRA


Eu achava então que se eu me abrisse e contasse um pouco mais de mim. Não aquilo que todo mundo sabe. Ou aquilo que vêem que sou. Mas contar as coisas que se passam comigo. Aquelas que pouco quase nunca compartilho. Coisas que só eu sei. Que fazem sentido pra mim. Então, eu achava que compartilhar um pouco dessas coisas me faria bem. Faria uma espécie de conexão entre nós. Mas por fim você era ou bonito demais ou de menos. Interessante de mais ou extremamente chato. Sério ou engraçado demais. Cheiro desagradável ou muito perfume. Arrogante ou inseguro. Cafajeste ou bom moço. Era assim. Entre todos os adjetivos eu ia colocando-os em seus extremos. Tudo aquilo que fizesse eu encontrar um motivo para apertar o freio da fala. Por todos estes motivos ou apenas um “não era Ele”. E enquanto eu ainda estiver a qualificar tudo a minha volta, continuarei pedra.



"(...) pedra porque pedra fora, era e seria num sempre que a sustentava, frágil e absoluta."

(Caio Fernando Abreu)


2 comentários:

sarah disse...

Olá!
Adorei seu blog!
Estarei sempre que possível
aqui e se puder me visita
lá no http://orecantodosventos.blogspot.com/

Carla disse...

Caramba! "Por todos estes motivos ou apenas um “não era Ele”. E enquanto eu ainda estiver a qualificar tudo a minha volta, continuarei pedra."