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domingo, 31 de outubro de 2010

A MENINA DO SORRISO DE VIDRO


Uma vez disseram a menina que mesmo numa tempestade era preciso conservar o riso. A menina aprendeu a sorrir diante dos momentos mais tortuosos. Teu sorriso de vidro permanecia intacto seja qual situação fosse. Poderiam vir terremotos e nenhum estremecimento causava, nem uma rachadura sequer. O sorriso continuava lustroso e vibrante. De longe podia se ver os raios luminosos do sorriso que contagiava a sua volta. Era um mistério como a menina conservava o sorriso. Qual o seu segredo? O tempo foi passando e o mistério continuava. Pessoas do mundo todo queriam conhecer a menina do sorriso de vidro. Até que cada vez mais aglomeravam pessoas a sua volta a admirar teu sorriso. Mais e mais tempo ela tinha que permanecer a mostra com seu sorriso. O povo da cidade se reuniu e uma das lojistas ofereceu uma vitrine para que a menina ficasse exposta. A menina passou então a viver de expor o seu sorriso na vitrine. Chegava as 8 horas da manhã e saía pro almoço de meia hora e retornava no seu posto até as 18 horas da noite. Era assim todos os dias. Mais e mais pessoas iam ver a moça do sorriso de vidro. Até que um dia. Num dia de expediente qualquer. Teu sorriso se rachou. Rachaduras que iam ficando cada vez maiores. Não sabiam o porque das rachaduras. Ninguém entendia como isso havia acontecido, nem a própria menina. As visitas foram diminuindo. A menina do sorriso de vidro não era mais novidade nem atração. Agora ela havia virado a menina do sorriso de vidro rachado. As pessoas não queriam ir mais a cidade conhecer a menina do sorriso rachado. E ela foi sendo esquecida aos poucos. Até o dia que perdeu seu emprego na vitrine para o homem que chorava lágrimas de crocodilo.

6 comentários:

Boca grande disse...

Adorei! Muito!

Jorge Pimenta disse...

confio inteiramente no sorriso, mas não no vidro. é que o sorriso acompanha o que o rosto vive, sabendo resguardar-se no recato da tristeza sempre que as lágrimas lhe molham os pés. já o vidro rapidamente se esqueceu de que é feito de areia frágil e esquiva; sente-se diamante perene e apenas recorda a sua finitude quando se quebra...
um beijinho!

Lene Rocha disse...

Das nossas personas.

Geane Soares disse...

Muito bom o texto...
seu blog é ótimo.
estou seguindo
:

Darlan disse...

Triste e bonito. O começo do texto me lembrou um tanto a música A Lenda do Peixe Francês, da Validuaté.

Beijo!

Joelma B. disse...

Adoro sorrisos...

Não há melhor presente a ser ofertado a um amigo: um sorrido sincero!

Beijo, linda!