
Não gosto do que escrevo. Não sei se quero mais escrever. Tenho sentido dificuldades de ser nas palavras. Me parece que os sentidos ficam nas entrelinhas. Queria ser mais explícita e estancar menos meus sentimentos. Ando tendo problemas com o indizível. Eu já escrevi melhor. Ou ao menos, me reconheci mais no que escrevia. Agora não me vejo em nada que escrevo. Minha visão anda turva. Vejo embaçado. Embaçado é minha escrita. Não há clareza. Ás vezes há clareza demais. O claro também embaça. O problema é a intensidade. O de mais e o de menos. Muito e pouco. Claro e escuro. É sempre culpa da intensidade. E esse tal do equilíbrio que se esconde de todos nós.
Tenho sido repetitiva. Vejo o mesmo que tecla, tecla, tecla. As mesmas dores, os mesmos anseios, os mesmos medos. Arre! Alguém avise pra essa menina que é hora de crescer. O mundo evolui sempre. As coisas andam, seguem em frente, vão à diante. Não se pode sempre ficar. É preciso aprender a partir. Acabar as coisas. Estabelecer pontos finais. Há essa ordem de começo, meio e fim. Não se pode sempre estar no começo ou no meio. É preciso que haja o fim pra que outras coisas possam começar. O começo é vida, é intensidade, é fervor. É bom ficar preso a ele, pois tudo sempre tem cara de novo. O meio muitas vezes pode ser monotonia e momentos sem emoção. Por achar que já se sabe tudo. Mas pode ser segurança de saber onde está. De saber o que percorreu. Já não é mais começo, então já não se é tão inocente, mas também não é o fim, então ainda tem o que se viver. O fim? Esse é tormento. É tortura. Pois te leva a perspectiva do nada. Do vazio que pode ser o que quiser. É muito difícil essa total liberdade de poder se preencher de todas as cores do mundo. A aquarela das mais infinitas cores em sua mão para pintar a tela em branco que você voltou a ser. Começar do nada. Do zero. Um novo sonho de existência. É, o fim assusta.
Fiz contornos, rodeios e mudei de assunto. Como sempre faço. Como sempre vivo. Mas a verdade é que não gosto do que escrevo. E isso é um fato não uma constatação.
-=Þëqµëñä Þö놡zä=-