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sexta-feira, 6 de agosto de 2010

MEDO


Sentados lado a lado num banco de uma praça qualquer você me perguntou:

- Por que sumir assim? O que aconteceu?
- Tá tudo estranho você não acha?
- Como assim?

- Sei lá. O céu tá mais azul. O sol nasce sorrindo todos os dias. Os pássaros cantam na minha janela.

- É... (com um riso no rosto)

- Eu não tô acostumada com dias assim.

- Mas, não entendo, foi por isso que você sumiu?

- Quase.

- Quase o que?

- É difícil dizer.

- Se não disser nunca vai se tornar fácil.

- É que... eu tenho medo

- Medo de quê?
- Medo de me acostumar com esses dias. E se algo der errado e os dias voltarem a ser escuros e sem barulho nenhum?





"Medo de se apaixonar Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente.[...]"

(Fabrício Carpinejar)


2 comentários:

Guilherme Navarro disse...

Sublime! Diálogo muito bem colocado e um desfecho magnífico. Gostei muito daqui, seguirei!

Se quiser deixar sua crítica no meu blog, ficaria fatalmente honrado.

Lili disse...

Uau Gigi!
Sem palavras pra comentar!
Maravilhoso!!!